Nelma: ‘Nestor Cerveró, meu vizinho de cela, é um sujeito depressivo’
Em bilhete, ex-diretor da Petrobras agradece amizade da doleira ‘nestes meses que passamos em celas juntas’

No livro que será lançado na semana que vem, Nelma Kodama publica trechos dos seus diários do cárcere que revelam como a amizade entre empresários, operadores e políticos se desenvolvia durante os anos de prisão na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba.
Descrito por Nelma como “um sujeito estranho e depressivo”, Nestor Cerveró acabou se afeiçoando pela doleira e até recorreu a uma página de VEJA para deixar um recado carinhoso para Nelma.
“Não posso deixar sem registro o meu agradecimento e a minha amizade, surgida nestes meses que passamos em celas juntas aqui na PF do Paraná. Apesar de toda a dificuldade e a tensão emocional a que fomos submetidos, é admirável o seu espírito de solidariedade e de simpatia com todos, que muito ajudou a reduzir o desgaste diário. Paralelamente, no meu caso, a atenção e o carinho que você me dirigiu nunca serão esquecidos. Muito obrigado. Um beijo do seu amigo Nestor”, escreveu Cerveró.
Sobre o amigo, Nelma faz os seguintes registros: Nestor Cerveró, meu vizinho de cela, é um sujeito estranho e depressivo”. Durante a hora de sol, todos os dias, ele faz a barba. E depois anda de um lado para o outro. Antes ele ficava nos cantos com seu companheiro de cela, Baiano… Sistemático, orava e ajoelhava três vezes ao dia, pegava a Bíblia e a foto dos filhos. Depois, colocava um par de luvas de plástico amarelas e limpava minuciosamente seu cubículo.
Fatos engraçados: Nestor, completamente atrapalhado, usa Glade com cheiro de lavanda como desodorante, e ao pegar um pedaço de papel para anotar um nome de remédio, Nestor pega uma folha na mesa do agente – “Ordem judicial” –, rasga um pedacinho de papel e usa como bilhete!
Nestor foi questionado e levou um pito. O agente Sérgio diz: “Como o senhor se sentiria se alguém entrasse na sua sala e rasgasse uma ordem judicial?”. Nestor responde: “Em primeiro lugar, nunca na minha mesa teria uma ordem judicial. E, no mais, estou aposentado!”. Esta é a cena do dia!
