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MPF propõe acordo a bolsonarista acusado de homofobia contra senador do PT

O empresário e presidente do diretório do PTB em São Paulo, Otávio Fakhoury, publicou um tuíte no ano passado sobre sexualidade de Fabiano Contarato

Por Gustavo Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 17 jun 2022, 13h07 - Publicado em 16 jun 2022, 12h23

O MPF informou à Justiça que propôs um acordo ao empresário bolsonarista e presidente diretório do PTB em São Paulo, Otávio Fakhoury, no inquérito em que ele é investigado pelo crime de homofobia, por ter publicado um tuíte ofensivo no ano passado sobre a sexualidade do senador Fabiano Contarato (PT-ES), que é declaradamente homossexual.

A manifestação do procurador da República Paulo Roberto Galvão de Carvalho foi apresentada à 10ª vara do Distrito Federal no último dia 23 de maio, e divulgada por Contarato nesta quinta. Ele solicitou a interrupção do inquérito por 90 dias para que fosse oferecido e eventualmente celebrado um Acordo de Não Persecução Penal entre o Ministério Público Federal e Fakhoury.

Em nota, o advogado do empresário, João Manssur, disse que seu cliente “foi ouvido perante a autoridade competente e apresentou os seus esclarecimentos necessários e que, até o momento, não tem ciência da proposta de acordo oferecida pelo Ministério Público”.

O senador comemorou a iniciativa, apesar de questionar a celebração de acordos em casos de crimes de ódio.

“Sem dúvidas, trata-se de importante reconhecimento, por parte do Ministério Público, no sentido de que crimes raciais e de ódio, como a homofobia, merecem repressão criminal. Este caso inspirará outras vítimas de preconceito a não deixarem crimes dessa natureza passarem impunes. No entanto, temos que refletir se a legislação atual, que permite acordos nestes casos, está ajustada aos anseios da sociedade, no sentido de punições mais rigorosas a todos aqueles que aviltam a dignidade de grupos vulneráveis”, declarou Contarato.

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Na postagem de Fakhoury, no dia 12 de maio do ano passado, na sua conta pessoal no Twitter, o empresário ironizou uma publicação do senador na qual ele cometeu um erro ortográfico e trocou a palavra “flagrancial” por “fragancial”.

“O delegado, homossexual assumido, talvez estivesse pensando no perfume de alguma pessoa ali daquele plenário… Quem seria o ‘perfumado’ que lhe cativou?”, escreveu o dirigente do PTB paulista.

Na manifestação, o representante do MPF levou em consideração a recente equiparação da homofobia à discriminação racial pelo STF e apontou que a sua conduta pode ser enquadrada como injúria racial.

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“Verifica-se que a conduta se amolda ao tipo previsto no art. 140, §3º, do Código Penal, visto se tratar de fato certo, concreto e objetivo, consistente na veiculação de manifestação ofensiva direcionada a particular, no ensejo de malferir a honra deste, não se vislumbrando, portanto, a  intencionalidade de dirigir a conduta discriminatória a grupos determinados ou à comunidade LGBTQIA+ como um todo”, escreveu o procurador.

A opção pelo acordo, que pode encerrar o processo com a adoção de penas alternativas às previstas pelo crime, de três a seis anos de prisão e multa, se deu em razão do fato de que Fakhoury é réu primário e que a conduta foi perpetrada sem violência ou grave ameaça.

Durante o depoimento do empresário à CPI da Pandemia, que tinha Contarato como um dos integrantes, ele chegou a pedir desculpas “a todos que se sentiram ofendidos” classificou o tuíte como “infeliz”, que”não teve a intenção de ofender”.

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