Moraes cria repescagem do IOF, ajuda Lula, mas não tira governo do abismo
O aumento de imposto era conversa encerrada. Foi rejeitado pelo Legislativo. Fim de jogo. Com a decisão do ministro do STF, o tema voltou a existir

Ao suspender os decretos de Lula e o ato do Congresso que anulou o aumento do IOF, o ministro Alexandre de Moraes ajudou o governo petista ao reverter uma derrota que já estava consumada.
O aumento de imposto era conversa encerrada. Foi rejeitado pelo Legislativo. Fim de jogo. Com a decisão de Moraes, no entanto, o assunto ganhou nova oportunidade de existir e agora será discutido numa espécie de repescagem coordenada pelo STF para arbitrar a batalha política.
Olhando por esse lado, o STF ajudou Lula, livrou o petista da derrota, mas não tirou o governo do abismo, que segue precisando mostrar ao país de onde cortar gasto ou gerar receita para fechar as contas.
Tivesse reconhecido o direito de Lula e anulado só a decisão do Parlamento, Moraes teria comprado briga com o Legislativo, que cansa de acusar o Judiciário de avançar em suas prerrogativas ao interferir nos assuntos do Parlamento.
Tivesse Moraes dado razão ao Congresso e mantido a derrubada do aumento de imposto, o ministro e o STF virariam alvos da esquerda nas redes, acusados de integrarem a grande conspiração das elites para oprimir os miseráveis, proteger os ricos e impedir que o pai dos pobres governe para o bem de todos.
Zerando o jogo e chamando os dois lados para uma conversa na semana que vem, Moraes tirou o Supremo desse dilema e deu uma nova chance a Lula e Fernando Haddad. Que o governo dialogue com o Congresso para reduzir gastos e, assim, escapar do abismo fiscal que se abre sob a máquina federal.