Ministros do TSE querem ação de Cármen contra uso da máquina por Lula
Contando com a inação da Justiça Eleitoral, Lula usa palanques oficiais, a cada cinco dias, para promover candidatos aliados e a sua própria reeleição

Chefe da Justiça Eleitoral, a ministra Cármen Lúcia virou alvo, nos últimos dias, de fortes críticas de colegas de toga por causa da inação do TSE em relação à campanha eleitoral antecipada promovida por Lula no país.
“Se não tomarmos cuidado, isso desmoraliza o tribunal”, diz um ministro.
O constrangimento foi assunto de uma conversa com a presidente do TSE, que reconheceu o problema. “Cármen demonstrou preocupação com isso. A Procuradoria Eleitoral e a Corregedoria Eleitoral precisam agir”, diz outro ministro.
Em 2021, a Corregedoria e a Procuradoria da Justiça Eleitoral abriram, de ofício, apurações contra Jair Bolsonaro por campanha eleitoral antecipada. O mesmo não se repete agora, daí o sentimento de constrangimento da Corte levado até Cármen.
Apenas nesta semana, Lula foi ao Maranhão, exaltou candidatos aliados ao Senado, atacou Jair Bolsonaro e listo ações de sua agenda eleitoral para 2026. Tudo sem ser incomodado pela Justiça Eleitoral.
O petista, aliás, discursa praticamente como candidato em algum estado do país a cada cinco dias, desde o início deste ano, tendo já passado por vinte estados e mais de 50 cidades.
No mesmo dia, apesar da crítica situação fiscal do país, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que Lula estuda instituir passe livre — com verba pública na veia de empresas quebradas de transporte coletivo — em todo o país.
O uso da máquina eleitoral é crime, porque também é uma forma de vilipendiar o processo eleitoral, garantindo a quem está no poder vantagem sobre os outros candidatos. O TSE, de tempos em tempos, costuma punir essa prática em alguns casos.