Mineradora de potássio quer financiar visita de indígenas Mura ao Canadá
Representantes do povo Mura pretendem conhecer experiência com exploração de potássio em Saskatchewan; governo Lula é contra mineração em terras indígenas
![Defensor da mineração em terras indígenas, o senador Plínio Valério (ao centro, de boné) posa para foto com representantes do povo mura](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2024/01/GAxhZrLWkAA9RRD1.jpg?quality=90&strip=info&w=1200&h=567&crop=1)
A Potássio do Brasil, concessionária de uma mina em Autazes (AM), quer financiar uma visita de representantes do povo Mura a indígenas canadenses da província de Saskatchewan, que tem elevada produção de minerais e terras raras.
O grupo de representantes dos mura favorável à mineração em sua terra pretende conhecer a experiência dos canadenses com a exploração de potássio. Mas a viagem depende de autorização judicial.
Em março de 2023, o presidente Lula pediu oficialmente à Câmara dos Deputados a retirada de tramitação do projeto de lei 191 de 2020. De autoria do governo Bolsonaro, a proposta pretendia liberar a mineração, a geração hidrelétrica, a exploração de petróleo e gás e a agricultura em larga escala em terras indígenas.
Defensora da retirada do projeto, a presidente da Funai, Joenia Wapichana, argumenta que a maior parte de minas potáveis não está dentro de terras indígenas. A ex-deputada federal aponta como exemplo negativo o impacto do garimpo ilegal na terra yanomami, epicentro de uma crise socioambiental e de saúde.
Potencial financiadora da viagem dos Mura ao Canadá, a Potássio do Brasil estima que, se receber aval de órgãos ambientais para o projeto em Autazes, poderá produzir 2,2 milhões de toneladas de potássio por ano, algo em torno de 20% do consumo interno brasileiro. O insumo é usado na produção de fertilizantes agrícolas.