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Lula cata moedas no palácio enquanto a PF vai atrás da fake news do dólar

Polícia Federal vai gastar recursos públicos na busca da notícia falsa que elevou o dólar -- é o mesmo que usar cloroquina para tratar Covid-19

Por Robson Bonin Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 19 dez 2024, 13h58 - Publicado em 19 dez 2024, 11h01

O presidente Lula passou os primeiros dois anos de mandato em negação fiscal. Em março, ao anunciar o repasse de 143 milhões de reais para obras em Araraquara — uma prefeitura petista de São Paulo que o governo, sem sucesso, se empenhou em preservar –, o presidente deixou claro seus pensamentos: “Em nosso governo, é proibido falar a palavra ‘gasto’ para coisas que são investimento”. Foi apenas um dos tantos episódios em que o petista defendeu sua conhecida lógica de que gasto é vida.

Essa lógica fez com que o próprio Planalto boicotasse constantemente os esforços da equipe de Fernando Haddad para imprimir alguma credibilidade à política fiscal da administração petista. Lula perdeu tempo valioso brigando com o Banco Central de Roberto Campos Neto e com o mercado enquanto Haddad era bombardeado pelo PT e até por colegas de governo como o chefe da Casa Civil, Rui Costa. Com o dólar nas alturas, enviou um pacote de corte de gastos tardio e insuficiente diante do abismo que se expandia sob a esplanada.

O movimento, realizado já na reta de fim de ano, criou condições perfeitas para a previsível barganha do Congresso, que usou o calendário apertado para exigir mais alguns bilhões em emendas parlamentares, enquanto alongava até este último dia de trabalhos em Brasília a votação do pacote de cortes.

A falta de credibilidade fiscal da gestão petista, as falas constantes de figuras importantes do governo contra o controle das contas públicas e a evidente fragilidade parlamentar do Planalto no Legislativo — colocando em dúvida sua capacidade de promover agendas de ajuste — só ampliaram a profundidade do fosso no câmbio.

Essa lógica governou uma administração que já sofria com uma plataforma de projetos reciclada e descolada dos novos desafios de nosso tempo. O governo Lula 3, mostram as pesquisas, não faz o povo sonhar e ainda consegue algo curioso: desagrada a Faria Lima e os assentamentos do MST na mesma intensidade.

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É ponto pacífico que a resolução de toda crise passa primeiro por reconhecer o problema. O controle das contas públicas, diante da dívida explosiva no país, com reformas estruturantes no peso da máquina, poderia ter sido prioridade de Lula nesses dois anos. Não foi. O petista optou por pintar uma realidade paralela na economia enquanto ampliava os gastos do governo pressionando ainda mais as contas do país. Lula, é fato, não é pai solitário dessa crise — escalada em governos anteriores –, mas a forma como escolheu lidar com ela é de sua única responsabilidade.

Nos últimos dias, o dólar bateu marcas históricas e o negacionismo parece seguir governando o Planalto. Em sua última entrevista, no domingo, ao Fantástico, Lula foi questionado sobre o alcance insuficiente do plano de cortes de gastos.

“Não é o mercado que tem que se preocupar com os gastos do governo. É o governo”, disse o petista. “Nós fizemos aquilo que é possível fazer”, complementou. 

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Além de dar-se por satisfeito com a situação atual, Lula tocou um violino ao falar de sua gestão até aqui. Com promessas anunciadas em não cumpridas em diferentes setores, disse que “tudo que foi planejado a gente fazer até agora está cumprido, tudo, tudo”.

Ignorando o conjunto de sua obra, a gestão petista agora culpa postagens falsas nas redes sociais pela escalada da moeda. Sem manifestar compromisso em atacar o verdadeiro problema econômico que corrói o país, Lula vai agora colocar a Polícia Federal para gastar recursos públicos na busca da fake news — o tal ataque especulativo do mercado — que elevou o dólar. É o mesmo que usar cloroquina para tratar Covid-19.

Em outra frente, nesta quinta, o Planalto editou uma norma para aproveitar as moedas que são jogadas por turistas nos espelhos d’água do Palácio da Alvorada e de outros órgãos públicos. Num governo quebrado, que gasta mais do que deveria, todo tostão ajuda.

“Os recursos financeiros arrecadados deverão ser destinados ao Tesouro Nacional em até 60 dias após a arrecadação”, diz a portaria. Que os trocados dos turistas em Brasília nos ajudem a salvar o país.

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