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Notas exclusivas sobre política, negócios e entretenimento. Com Marcelo Ribeiro, Nicholas Shores e Pedro Pupulim. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Luiz Inácio Sinatra Lula da Silva – Estava tudo escrito em 1994

Como a escolha do líder maior do PT pela aliança com as elites marca os 40 anos do PT

Por Robson Bonin Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 fev 2020, 10h00 - Publicado em 12 fev 2020, 06h01

Em 1994, VEJA publicou uma reportagem de oito páginas sobre a caravana do então candidato petista ao Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva. O partido, que acaba de completar 40 anos, era então um pré-adolescente aprendendo valores e formando princípios a partir da confiança cega no seu líder maior.

A reportagem, uma aula de jornalismo produzida pelo mestre Elio Gaspari, começava com a cena de desencantamento do presidente do PT em Uruguaiana, Rogério de Moraes, talvez o primeiro petista a se deparar com a natureza do que Lula viria a ser no poder.

“Rogério de Moraes, 32 anos, auxiliar de enfermagem, fundador e presidente do Partido dos Trabalhadores de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, é um petista de mostruário. Cabelo até os ombros, jeans, pasta e uma prisão na memória. Chegara o seu grande dia. A quadra do ginásio municipal, próxima ao obelisco que lembra a rendição do general paraguaio Estigarríbia a dom Pedro II, estava enfeitada com bandeiras vermelhas, e a Caravana da Cidadania, com Luiz Inácio Lula da Silva a bordo, acabara de estacionar. Mal terminara o Lula-lá, Ronaldo Zulke, presidente do PT gaúcho, perguntou-lhe: ‘Onde estão os arrozeiros?’”

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A reportagem de Elio Gaspari em 1994: “O PT discute fumaça e o seu candidato vai para a estrada” (veja/VEJA)

Naqueles tempos, os arrozeiros encarnavam a figura da elite que oprimia o proletariado. O jovem presidente do PT não era contra a conversa de Lula com os adversários, mas defendia que Lula tratasse os barões do arroz “em pé de igualdade” com a militância.

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Os arrozeiros, porém, queriam uma conversa “exclusiva”, longe do evento da militância, no salão da prefeitura. E assim foi feito. Lula deixou de lado a militância no ginásio para ouvir a agenda da elite — e prometeu a eles exatamente o que “eles” queriam ouvir. “Perdemos. O partido quer falar com eles. Os arrozeiros tripudiaram sobre os setores populares”, lamentou-se o revolucionário Rogério.

Vista do alto dos 40 anos de estrada de Lula e seu partido, a desilusão do presidente petista de Uruguaiana em 1994 soa premonitória. Ao vestir a faixa presidencial, Lula trocaria os arrozeiros pelos empreiteiros, chamaria os empresários do ramo automotivo, do setor elétrico, da educação, dos frigoríficos… Lula abriu os cofres do governo à elite enquanto desfrutava com eles no salão da prefeitura, no caso o Planalto, enquanto abastecia os cofres do PT com milionárias remessas.

Lula já era dos arrozeiros em 1994, mas passaria quase toda a década seguinte inspirando o sonho militante de ruptura com as elites, os privilégios, os picaretas e os partidos burgueses do Congresso. Em defesa do petista, diga-se que ele nunca se empenhou no teatro.

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Veja
A capa de VEJA: “Lula sozinho na estrada” (Veja/VEJA)

Estava tudo lá na reportagem de Gaspari: “Na semana passada, enquanto sua caravana atravessava 28 municípios do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, o PT parecia rachado ao meio. De um lado, Lula-72, encarnado pela bancada da esquerda da Comissão Executiva, de outro, Lula-94, mais moderado, buscando alianças e desfazendo temores. Trata-se de uma briga apaixonada porém irrelevante. Algo como uma eventual rebelião da equipe técnica que acompanha Frank Sinatra, inconformada com a escolha de um novo repertório. A equipe é capaz de tudo, menos de cantar”.

Em 2007, Lula Sinatra analisaria a parcialidade de sua cantoria. “Eu não tenho vergonha e muito menos tenho razão para não dizer que eu mudo de posição e há muito tempo eu digo que prefiro ser considerado uma metamorfose ambulante, ou seja, mudando à medida que as coisas mudam”, discursou triunfante o petista, reeleito após o mensalão. A frase poderia soar uma resposta ao inconformado presidente do PT de 1994.

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Nos anos seguintes, Lula, sonhando em retornar ao Planalto em 2014, gestaria a criatura que acabaria com sua música. Dilma Rousseff, a gerentona da crise econômica acabaria negando a vez ao petista, seria reeleita, mas produziria o descalabro administrativo que geraria Jair Bolsonaro.

Já acossado pelas consequências da opção pelos “arrozeiros”, o líder maior do petismo, alvo da Lava-Jato, viraria a “alma mais honesta” do país, a jararaca a ser abatida a pauladas. Um condenado por corrupção, preso de luxo no mesmo Sul da caravana de 1994, corrupto moldado na trilha do tríplex do Guarujá, do sítio de Atibaia e das contas de propina da Odebrecht, da OAS.

Quarenta anos depois, muita coisa mudou no PT e quase nada mudou no PT. Apeado do poder, segue refém de Luís Sinatra e sua melodia.

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Relembre aqui a edição de 2 de março de 1994.

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