Itamaraty não vê clima para retorno de embaixador do Brasil a Israel
Enquanto Frederico Meyer não tem previsão de voltar a Tel Aviv após mais de três meses fora do posto, Daniel Zonshine segue atuando normalmente em Brasília

Chamado de volta ao Brasil em fevereiro em reação à reprimenda pública do governo de Israel após a fala de Lula que comparou a matança de palestinos na Faixa de Gaza a “quando Hitler resolveu matar os judeus”, o embaixador Frederico Meyer ainda não tem nenhuma previsão de retornar ao seu posto em Tel Aviv.
A avaliação no Itamaraty é que não há clima para restabelecer a normalidade diplomática após a “humilhação” imposta pelo chanceler Israel Katz ao brasileiro, que foi levado ao Museu do Holocausto para que Lula fosse declarado “persona non grata“.
Enquanto isso, o representante israelense, Daniel Zonshine, segue atuando normalmente em Brasília. Nesta terça-feira, inclusive, o diplomata foi convidado por deputados a discursar em uma sessão solene no plenário da Câmara, em homenagem à data nacional da criação do Estado de Israel.
“Tenho orgulho de estar aqui hoje na Câmara dos Deputados do povo brasileiro, representando o meu país, Israel, em seu 76º aniversário. Orgulhoso por ter recebido essa honra, especialmente, nos dias que hoje de hoje, quando a honra é concedida em forma muito restrita. O 76º ano da nossa independência é marcado pelo dia 7 de outubro. Nós não conseguimos superar isso, ainda está sangrando em nossas almas, como sociedade e como indivíduos”, declarou o embaixador.
Zonshine comentou ainda que ouvir o procurador do Tribunal Penal Internacional acusar seu país de cometer crimes de guerra enquanto defendia seu povo torna o sentimento dos israelenses “frente a toda essa injustiça ainda mais delicado”.