Investigação contra Moro no STF vai mirar grampo ilegal contra Youssef
Dias Toffoli autorizou a abertura de um inquérito contra o senador e ex-juiz da Lava-Jato

Em junho do ano passado, o Radar revelou, em primeira mão, que o senador Sergio Moro estava no centro de graves acusações reveladas em depoimento à Justiça por Tony Garcia. O delator firmara acordo de colaboração assinado pelo então juiz e também fazia acusações contra procuradores da Lava-Jato. No fim de 2023, numa decisão de 13 páginas, o ministro do STF, Dias Toffoli, autorizou a abertura de inquérito para investigar os fatos narrados por Garcia, como revelou Daniela Lima no G1.
No curso de sua decisão, Toffoli listou outros pedidos dos investigadores, como o depoimento de Alberto Youssef, também revelado pelo Radar, que detalhava ilegalidades ocorridas na Polícia Federal, quando foi alvo de um grampo clandestino na cela da Superintendência de Curitiba.
Com a abertura do inquérito, os investigadores poderão adotar uma série de diligências sugeridas inicialmente no caso. O pedido de investigação aceito por Toffoli cita a necessidade de depoimentos de “Gabriela Hardt, de Sergio Moro, de Rosângela Moro, de Deltan Dallagnol e de membros remanescentes do sistema de Justiça criminal paranaense que compuseram a Força-Tarefa da Lava Jato ou nela ou com ela atuaram”.
“A autoridade policial pontuou que os fatos narrados por Tony Garcia é consonante com o narrado por Alberto Youssef, que envolveu a alocação de uma escuta ambiental clandestina na cela que ocupava na Superintendência da Polícia Federal no Paraná, ao que tudo indica, para gravá-lo em conversas com seus advogados. Nesse contexto, dada a semelhança com os fatos objeto desta petição, entende como uma oportunidade investigativa importante a oitiva de Alberto Youssef, ‘como forma de se entender melhor o funcionamento de um mecanismo investigativo clandestino operado pelos gestores, de fato e de direito, da Operação Lava-Jato'”, narra o pedido dos investigadores, transcrito no despacho de Toffoli.