Idafro pede para STF fixar Oxê de Xangô ao lado de crucifixo no plenário
Advogado do instituto defende que símbolo iorubá da Justiça tenha igualdade de tratamento em relação ao objeto de devoção católica

O Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro) pediu ao STF que o Oxê de Xangô, como é chamado em iorubá o machado da divindade africana que representa a Justiça, seja fixado ao lado do crucifixo no plenário da Corte.
É uma reação à decisão do Supremo que reconheceu que a presença de símbolos religiosos em prédios e órgãos públicos não fere o princípio da laicidade do Estado e nem a liberdade de crença das pessoas.
“Não se trata de privilégio, mas de reconhecimento da diversidade religiosa do Brasil e do combate à intolerância que atinge, principalmente, as religiões de matriz africana”, afirma o advogado Hédio Silva, coordenador executivo do Idafro.

Na petição, o instituto diz que a “elevada significação do Oxê para os milhões de brasileiros que professam as matrizes africanas deita raízes em solo baiano, em 1830, data de fundação do primeiro templo afrorreligioso no Brasil, o Ilê Axé Iyá Nassô Oká, conhecido como Casa Branca do Engenho Velho, dedicado a Xangô, Rei Africano da Justiça”.
Acrescenta que as religiões afro-brasileiras, “historicamente excluídas de direitos básicos”, contam com o Poder Judiciário “como última ou única instância na qual suas demandas sociais são respeitadas”.
O Idafro cita o julgamento sobre o sacrifício ritual de animais em cultos de religiões de matriz africana no qual o STF proclamou que “a proteção específica dos cultos de religiões de matriz africana é compatível com o princípio da igualdade, uma vez que sua estigmatização, fruto de um preconceito estrutural, está a merecer especial atenção do Estado”.