Governo atrasa CPMI e ajuda oposição a colar o golpe do INSS na eleição
Quanto mais retardar o início das investigações, menos tempo o Planalto terá para afastar o debate sobre corrupção da eleição que se avizinha

Uma das críticas mais recorrentes ao governo Lula explora a falta de rumos da gestão petista e sua aparente incapacidade de atuar de maneira estratégica na política.
Nessa crise que envolve o bilionário escândalo de corrupção na Previdência, essa sensação de desordem de ideias segue presente.
O governo move suas forças para atrasar a abertura da CPMI do INSS no Congresso enquanto manifesta preocupação com a contaminação da próxima eleição presidencial pelo assunto. A chave, neste caso, é o tempo.
Quanto mais arrasta a abertura da apuração, mais o trabalho de deputados e senadores adentrará o período eleitoral que se avizinha. Daí a posição confortável em que a oposição acompanha a decisão de Davi Alcolumbre de levar para junho a sessão do Congresso que marcaria a abertura da comissão. Para opositores de Lula, se a CPMI só iniciar os trabalhos após o recesso, melhor.
É certo que o escândalo do INSS continuará produzindo revelações diárias sobre os golpes praticados por sindicatos contra os beneficiários da Previdência. Com tanto interesse popular no assunto, a agenda continuará quente, ainda que parlamentares deixem o Congresso no recesso de julho.
O governo, que deveria ter pressa para mostrar que está agindo e partir para a investigação, segue se desgastando ao reforçar a imagem de que é contrário a desvendar o golpe que vitimou milhões de aposentados.