Gonet pede que STF interrogue diplomatas do governo Lula sobre Eduardo
'Sugiro a oitiva de autoridades diplomáticas brasileiras nos EUA, que possam apresentar notícias sobre os fatos', diz o chefe da PGR

No pedido de abertura de inquérito contra Eduardo Bolsonaro, enviado a Alexandre de Moraes nesta segunda, o chefe da PGR, Paulo Gonet, sugere que o STF interrogue diplomatas do governo Lula que atuam nos Estados Unidos para colher “notícias” sobre a atuação do deputado federal contra autoridades brasileiras naquele país.
Gonet solicita ainda que seja aberto prazo para manifestação, por escrito de Eduardo, sobre as acusações citadas pela PGR envolvendo intimidação de autoridades e coação do processo em curso no STF sobre a trama golpista.
“Peço, afinal, que se dê a oportunidade de o sr. Eduardo Bolsonaro poder prestar esclarecimentos úteis para os fins do inquérito, para o que sugiro, diante da gravidade dos fatos, da premência de tempo e da seriedade das providências em tela, que o sr. Eduardo Bolsonaro seja convidado a se manifestar sobre os fatos que compõem esta petição, por escrito”, escreve Gonet.
“Sugiro a oitiva de autoridades diplomáticas brasileiras nos EUA, que possam apresentar notícias sobre os fatos”, segue o procurador-geral. “Sugiro que a digna Polícia Federal encaminhe a notificação aos endereços eletrônicos de que dispuser ligados ao sr. Eduardo Bolsonaro, sabendo-se que ele se encontra fora do Brasil, mas está em permanente contato e uso dos meios eletrônicos de comunicação”, segue Gonet.
Eduardo Bolsonaro, segundo Gonet, atua nos Estados Unidos para “conseguir do governo dos Estados Unidos a imposição de sanções contra integrantes do Supremo Tribunal Federal, da Procuradoria-Geral da República e da Polícia Federal”.
O chefe da PGR diz que o filho do ex-presidente busca interferir nas investigações em curso no STF “pelo que considera ser uma perseguição política a si mesmo e a seu pai, apontado em denúncia em curso no Supremo Tribunal Federal como líder de organização criminosa empenhada em romper com a ordem institucional democrática para se estender à frente da Presidência da República, não obstante os resultados das eleições de 2022”.
“Essas manifestações têm-se intensificado na medida em que a Ação Penal n. 2.668 evolui nos seus trâmites. Essa é a ação penal em que o pai do sr. Eduardo Bolsonaro, foi denunciado como líder de organização criminosa concatenada para atentar contra o Estado de Direito, o regime democrático e o funcionamento dos Poderes”, segue Gonet.
“O intuito de embaraçar o andamento do julgamento técnico se soma ao de perturbar os trabalhos técnicos que se desenvolvem no Inquérito 4.781, pela intimidação de autoridades da Polícia Federal e do Ministro relator. Nesse Inquérito, apuram-se ataques ao Tribunal Superior Eleitoral e ao Supremo Tribunal Federal, por meios virtuais, com notícias falsas e ameaças”, diz o pedido da PGR.
“As medidas referidas nas manifestações do sr. Eduardo Bolsonaro, nos seus próprios dizeres, englobam cassação de visto de entrada nos EUA, bloqueio de bens e valores que estejam naquele país, bem como a proibição de estabelecer relações comerciais com qualquer pessoa física e jurídica de nacionalidade americana ou que tenha negócios nos Estados Unidos”, diz Gonet.