Exportar para o México tem impacto maior que para a China, diz CNI
Análise da entidade mostra que cada R$ 1 bilhão exportado para o México gera 24,3 mil empregos no Brasil, mais que no fluxo com o país asiático
Com representantes acompanhando a missão do presidente Lula ao México, a CNI aponta em análise de política comercial que o impacto econômico produzido por exportações para o país latino-americano é comparativamente maior ao efeito na atividade econômica de exportar para a China.
De acordo com a Confederação Nacional da Indústria, cada 1 bilhão de reais exportado para o México em 2023 gerou 24.300 empregos, 470 milhões de reais em massa salarial e 3,2 bilhões de reais em produção no Brasil.
O impacto econômico de cada 1 bilhão de reais exportado para a China no ano passado, por sua vez, foi de 14.400 empregos, 289 milhões de reais em massa salarial e 2,5 bilhões de reais em produção.
O país asiático foi o maior destino de exportações brasileiras em 2023, com 104,3 bilhões de dólares, seguido dos Estados Unidos, com 36,9 bilhões de dólares. O México é o quinto nesse ranking, com 8,6 bilhões de dólares.
“O impacto das exportações por parceiro comercial na atividade econômica brasileira varia devido à composição da pauta exportadora para cada destino. As exportações do Brasil para o México concentraram-se 79,2% em bens da indústria de transformação em 2023. Em relação aos Estados Unidos, esse percentual foi de 80,9%. Para a China, foi somente de 17,7%”, diz a CNI na análise.
“O setor (da indústria de transformação) tem um impacto mais expressivo na economia por remunerar melhor os trabalhadores e consumir mais insumos ao longo da cadeia produtiva”, acrescenta.
Veja, abaixo, as prioridades listadas pela CNI para subsidiar a agenda desta semana com os mexicanos:
- negociar um acordo de livre comércio abrangente entre Brasil e México, que impulsione as relações econômicas entre os dois países, incluindo temas como comércio de serviços, investimentos, compras governamentais, facilitação de comércio, barreiras técnicas, medidas sanitárias e fitossanitárias;
- cumprir e ampliar o Acordo de Reconhecimento Mútuo de Operadores Econômicos Autorizados, expandindo os benefícios do acordo para empresas certificadas;
- homologar os sistemas de Certificação de Origem Digital: alinhar os sistemas de Certificação de Origem Digital dos dois países, reduzindo o tempo de emissão de 24 horas para cerca de 30 minutos;
- eliminar barreiras no comércio bilateral: desenvolver um plano de trabalho para identificar e eliminar barreiras desnecessárias no acesso a mercados de bens industriais, agroindustriais e produtos da cesta básica, ajudando a combater a inflação nos dois países. Em conjunto com o setor privado brasileiro, a CNI identificou as principais barreiras ao comércio nos seguintes produtos: carne suína, carne de frango, café e alimentação para pets;
- fomentar a cooperação regulatória: promover iniciativas de cooperação regulatória internacional (CRI) para reduzir ou eliminar entraves no comércio bilateral, com foco inicial em setores como alimentício, farmacêutico, cosméticos e brinquedos;
- promover interesses mútuos na Organização Mundial do Comércio (OMC): defender em conjunto a reforma do Órgão de Solução de Controvérsias e apoiar a conclusão das negociações sobre comércio eletrônico, facilitação de investimentos e de subsídios;
- estimular a cooperação tecnológica nos níveis público, privado e acadêmico na área de chips e semicondutores, fortalecendo as duas maiores economias da América Latina como fornecedores importantes na cadeia de suprimentos de chips e eletrônicos no comércio internacional;
- promover a requalificação e o aperfeiçoamento de competências para o futuro do trabalho: reduzir o gap de competências em ciência, tecnologia, engenharia e matemática por meio de programa de cooperação técnica bilateral em aperfeiçoamento e requalificação da força de trabalho.