Eleição deflagra disputa de poder pelo comando do MDB do Rio
Presidente da legenda no Estado não conseguiu se reeleger deputado estadual
A eleição deste ano deflagrou uma guerra silenciosa pela mudança no comando do MDB do Rio de Janeiro. O presidente da legenda no Estado, Leonardo Picciani, teve 37.125 votos e não se reelegeu deputado federal. Ele corre o risco de perder a presidência para Washington Reis, prefeito bolsonarista de Duque de Caixas, na Baixada Fluminense, cujo grupo político elegeu os quatro deputados do partido no estado, sendo dois federais e dois estaduais.
Deputado em seu quarto mandato e ex-ministro de Dilma Rousseff, Leonardo é herdeiro político de seu pai, Jorge Picciani, morto no ano passado por um câncer. Picciani foi um dos principais caciques do MDB da chamada “era Sérgio Cabral” e reinou absoluto na presidência da Alerj por quase uma década. A derrocada do partido no Rio, com a prisão de seus principais líderes na Lava-Jato, teve consequências nas urnas.
Leonardo, que retirou o nome Picciani do registro de urna, amargou a terceira votação do MDB no Estado e ocupará a primeira suplência. O partido também não reelegeu Marco Antônio Cabral, filho do ex-governador fluminense.
O MDB teve dois deputados federais reeleitos, o pastor bolsonarista Otoni de Paula, recém chegado à legenda, com 158.507 votos, e Gutemberg Reis, irmão do prefeito de Caxias, que obteve 133.612 votos. Otoni conseguiu ainda eleger seu pai deputado estadual, assim como Reis reelegeu seu o irmão Rosenverg. Os quatro mandatos trabalharão agora para colocar de pé o plano de empurrar o MDB para a base de Jair Bolsonaro (PL) em um eventual segundo governo do presidente.
No comando do partido no Rio, Leonardo se posicionou inicialmente a favor da candidatura de Simone Tebet, mas, antes mesmo do segundo turno, passou a declarar voto em Lula (PT). Apesar de ser aliado de Jair Bolsonaro (PL), Reis tem diálogo com o petista. A depender do resultado da eleição presidencial, ele pode ganhar mais ou menos poder no partido. De todo modo, segundo emedebistas ouvidos pelo Radar, Reis sai fortalecido das eleições deste ano e não deve demorar a assumir a presidência da legenda.