Depois de criticar, Lula repete discurso de Bolsonaro sobre combustíveis
Em 2022, Lula dizia que poderia baixar o preço da gasolina numa 'canetada' e acusava Bolsonaro de jogar responsabilidade dos aumentos 'em cima dos outros'

Lula discursou, nesta segunda, no Rio de Janeiro, durante um evento da Petrobras. Vestindo o uniforme de petroleiro, o petista abordou um dos assuntos mais negativos para seu governo, no momento, o preço dos combustíveis. Ao tentar se esquivar do problema, Lula repetiu o discurso de Jair Bolsonaro que ele próprio, então candidato em 2022, criticou.
O petista culpou o reajuste do ICMS, um imposto estadual, e os postos de combustíveis pela escalada de preços. O litro da gasolina chegou recentemente a 6,35 reais, o maior valor já registrado na gestão do petista.
“Quando sai um anúncio do diesel, da gasolina, do gás, a Petrobras leva fama, o governo federal leva fama, e muitas vezes não tem culpa nenhuma… O povo não sabe que a gasolina sai da Petrobras a 3,04 reais e que na bomba ela é vendida a 6,49 reais. Ou seja, ela é vendida pelo dobro do que ela sai da Petrobras”, disse Lula.
Lá atrás, quando Bolsonaro era presidente e passava pelo mesmo sufoco de Lula, os argumentos eram os mesmos: “Tudo me culpam, né? Preço dos combustíveis: tivemos agora, há dois dias, um aumento no preço dos combustíveis, e obviamente o mundo cai na minha cabeça… Está barata a gasolina. Não, está barata… Custa R$ 1,95 na refinaria. Até chegar na ponta, lá”.
Depois de citar o ICMS, um imposto estadual, e os postos de gasolina, Lula mandou o povo, insatisfeito com os preços, xingar governadores e empresários. “É importante informar a população disso, para o povo saber quem xingar na hora em que aumenta, para o povo saber”, disse Lula.
Bolsonaro também já tinha percorrido esse caminho. “O ICMS está quase o dobro do que estava no início de janeiro. ICMS é dos governadores. Eu não sou… Eu sou passível de crítica, sem problema nenhum, agora, vamos criticar com razão”, disse o agora ex-presidente.
Bolsonaro e Lula são diferentes em muitos pontos. Os dois, no entanto, são políticos e se esquivam de responsabilidades de forma semelhante, quando cobrados. Para piorar, em 2022, Lula criticou Bolsonaro por fazer exatamente o discurso que ele fez nesta segunda.
Ao lançar as diretrizes do que seria seu plano de governo na campanha presidencial, o petista acusou Bolsonaro de tentar terceirizar responsabilidades ao falar dos preços dos combustíveis no país.
“É uma coisa absurda! A primeira coisa que ele tenta fazer é jogar a responsabilidade da sua incapacidade, diuturnamente, em cima dos outros… Bolsonaro poderia baixar os preços com uma canetada”, disse Lula.