Com um post, Araújo atira no Senado, na China e em Fábio Faria — Entenda
Interlocutores do presidente dizem que Faria passou a atuar fortemente para convencer Bolsonaro a tirar Araújo do Itamaraty
Espécie de homem-bomba das relações exteriores do governo de Jair Bolsonaro, o chanceler Ernesto Araújo atirou contra meio Senado neste domingo ao sugerir nas redes sociais que é alvo de pressões dos senadores por ter rejeitado o lobby chinês na disputa pela implantação do modelo 5G no Brasil.
Como se sabe, China e Estados Unidos travam uma dura batalha pelo negócio bilionário com o governo.
“Em 4/3 recebi a Senadora Kátia Abreu para almoçar no MRE. Conversa cortês. Pouco ou nada falou de vacinas. No final, à mesa, disse: ‘Ministro, se o senhor fizer um gesto em relação ao 5G, será o rei do Senado’. Não fiz gesto algum”, escreveu Araújo.
Em português claro, Araújo disse que o discurso de vacinas dos senadores, que mobiliza o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, é conversa fiada. O que a turma do Senado, representada pela senadora Kátia Abreu, estaria interessada mesmo era em fazer lobby pela China.
Nesse ponto, interlocutores do Planalto enxergam um duplo desastre no movimento do chanceler. Ele atira no Senado e na China, parceiro fundamental do país na busca por vacinas e insumos, mas também acerta o ministro das Comunicações, Fábio Faria.
Nos bastidores do palácio, interlocutores do presidente dizem que Faria passou a atuar fortemente para convencer Bolsonaro a tirar Araújo do Itamaraty. Por se alinhar aos senadores, acabou vendo o chanceler arrastar para o noticiário da crise o tema do 5G, que Faria vinha conduzindo distante de polêmicas.