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Chamado de ‘tchutchuca do Centrão’, Bolsonaro avança em youtuber

O presidente segurou o braço e tentou tirar o celular da mão do manifestante que o criticou na saída do Palácio da Alvorada

Por Gustavo Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 18 ago 2022, 22h13 - Publicado em 18 ago 2022, 13h23

O presidente Jair Bolsonaro avançou sobre um youtuber que o chamou de “tchutchuca do Centrão”, “covarde”, “safado” e “vagabundo” na manhã desta quinta-feira, na saída do Palácio da Alvorada. O chefe de Estado segurou a camisa e o braço de Wilker Leão e tentou tirar o celular da sua mão. O manifestante então foi cercado por seguranças do GSI da Presidência. As cenas foram captadas pelo cinegrafista Emerson Soares, da TV Globo, e publicadas no G1.

O episódio tomou conta das redes sociais durante todo o dia e levou preocupação para a campanha de Bolsonaro, que passou a culpar o GSI por não ter isolado o youtuber quando ele começou a criticar o presidente.

Toda a confusão começou quando Bolsonaro conversava e tirava fotos com apoiadores, na área externa do Alvorada. Leão se aproximou, gravando o presidente com o celular. Uma mulher pediu “só um minutinho, amigo” e disse que ele já “perturbou o juízo”. O youtuber costuma ir ao local para gravar vídeos questionando os bolsonaristas, publicados nos seus canais nas redes sociais.

Ele então se dirigiu a Bolsonaro e perguntou por que o presidente “limitou a delação premiada”. Nesse momento, Leão foi puxado com força por um homem e caiu no chão. “Olha aí o nível do amor”, comentou, ao se levantar. “Aí, presidente, o senhor acha o que dessa violência comigo aqui, acabaram de me derrubar, ô, Bolsonaro”, questionou o jovem, que usava uma camisa do São Paulo.

Afastado do presidente por agentes do GSI, Leão disse que não iria se retirar de um local público. E continuou questionando Bolsonaro, desta vez sobre a sanção à criação do juiz de garantias no pacote anticrime de 2019, instituída no projeto por emenda do deputado federal Marcelo Freixo. “Isso não é ser de direita”, comentou.

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“Eu tô aqui todo dia, Bolsonaro, quero ver se você é corajoso de sair pra conversar comigo, tchutchuca do Centrão. Você é tchutchuca do Centrão, cara. Valdemar Costa Neto, você se entregou pra ele”, declarou o youtuber.

Interpelado por um assessor e amigo de longa data do presidente, ele respondeu que “o Lula é ladrão também, mas esse daí [Bolsonaro] tá fazendo tudo o que PT faz, ‘se não o PT volta'”.

“Ô, Bolsonaro, por que você faz tudo que a esquerda faz, ‘se não a esquerda volta’? Me responde, para de ser covarde, tchutchuca do Centrão”, insistiu, enquanto Bolsonaro entrou no carro. “Ó a tchutchuca do Centrão lá. Tô aqui todo dia pra te combater, safado, você é vagabundo, é vagabundo. Tô falando aqui na frente do gado do cercadinho inteiro”, acrescentou.

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O youtuber então se virou para os apoiadores de Bolsonaro e perguntou quem havia lhe derrubado. Nesse momento, o presidente saiu do carro, provocando uma correria entre os seguranças.

“O senhor quer falar comigo, presidente?”, perguntou.

Bolsonaro então caminhou na direção do youtuber, puxou sua camisa com a mão direita e tentou alcançar seu celular com a esquerda, sem sucesso. “Vem cá, vem cá”, disse o presidente enquanto segurava o braço de Leão com as duas mãos. “Eu quero falar contigo aqui”, completou.

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O youtuber então foi retirado por agentes do GSI aos gritos de “vocês estão malucos, vocês estão loucos”. Nesse momento, ouve-se Bolsonaro dizer a alguém que “pegue o telefone”.

Um agente então se dirigiu ao cinegrafista da TV Globo dizendo que “sem filmar”, mas o repórter diz que pode porque é da imprensa.

Passados os momentos de mais tensão, Bolsonaro disse aos apoiadores que “esse cara” foi ao local para “provocar” e não merece atenção de ninguém. O presidente então orientou seus fãs a deixar o youtuber “à vontade” e pediu que não houvesse reação contra ele.

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Minutos depois, no entanto, Bolsonaro chamou o youtuber, desta vez sem o celular na mão, para conversar e perguntou o motivo da agressividade. Ele respondeu que tinha sido proibido de entrar para conversar tranquilo com o presidente.

Na sequência, os dois falaram por cerca de cinco minutos sobre temas como a alteração na lei da delação premiada (Bolsonaro disse que o Congresso aprova as leis e ele não “tem esse poder todo”), orçamento secreto (o presidente alegou que, se fosse secreto, “não estaria no Diário Oficial da União”), a filiação dele ao PL de Valdemar Costa Neto e a nomeação de Ciro Nogueira na Casa Civil.

“Todo partido tem pessoas que devem alguma coisa, ou foram acusados. Ou você acha que o PT não tem?”, comentou Bolsonaro. “Olha só, eu preciso aprovar as coisas no Parlamento, certo? Se for para aprovar sozinho, eu sou ditador. Fecha tudo, fecha Supremo, fecha Congresso, fecha tudo e eu resolvo as coisas sozinho. Eu tenho que ter o apoio do Parlamento. Os partidos de centro são quase 300. São 513 parlamentares. Como vou aprovar um projeto simples de lei dispensando 300 votos?”, complementou.

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No seu canal no YouTube, que tem pouco mais de 13.000 inscritos, Wilker Leão se apresenta como advogado e cabo R/2 do Exército, ao qual teria ingressado em 2014, e diz ter sido auxiliar da Assessoria Jurídica da Secretaria de Economia e Finanças da corporação entre 2015 e 2022. Ele também é dono do blog Milico Jurídico e tem perfis no TikTok (com mais de 120 mil seguidores) e no Instagram (com 14.500).

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