Calheiros pressiona Petrobras a enquadrar Braskem por estragos em Maceió
Em ligação a Jean Paul Prates, senador defende que estatal só compre mais ações da petroquímica se vítimas de desastre em Maceió receberem reparação

Um dos principais aliados do Planalto nesta largada do terceiro mandato de Lula, Renan Calheiros ligou recentemente para o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e defendeu que a estatal só leve adiante eventuais planos de aumentar sua participação acionária na Braskem depois que as pessoas atingidas pelo afundamento do solo em Maceió (AL) receberem uma reparação considerada justa da petroquímica.
Hoje, a Petrobras tem 47% das ações com direito a voto da Braskem (e 36% do total). Quem detém a maioria do capital votante, com 50,1%, é a NSP Investimentos, holding da Novonor (antiga Odebrecht) que está em recuperação judicial.
Nas demonstrações financeiras até 31 de dezembro de 2022, a petroquímica informou um saldo de provisões para a destruição ambiental em Alagoas de 6,6 bilhões de reais.
Ao emedebista, Prates (que era colega de Renan no Senado até janeiro deste ano) disse que vai abordar o assunto na próxima reunião de planejamento da Petrobras, mas não adiantou se a tendência é vender ou comprar mais ações da Braskem.
“Fui no Ministério Público de Alagoas pedir a revisão do acordo com a Braskem. Nem sequer pode ser chamado de acordo, porque não ouviu o governo do Estado nem a prefeitura de Maceió e nem os refugiados ambientais”, afirmou Renan ao Radar. “A Braskem extraiu sal-gema e não colocou nada no lugar. [Fez] cavernas no subsolo e cinco bairros afundaram em plena Maceió”, disse.
Em outra frente, Renan apresentou um requerimento de audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado para discutir “as iminentes alterações acionárias da Empresa Braskem S.A., causadora da maior tragédia socioeconômica-ambiental urbana do mundo, em março de 2018, na cidade de Maceió”.