Caixa-preta das emendas precisa ser investigada a fundo
Que bom que todas as autoridades de Brasília concordam com a "transparência" no gasto público, mas é preciso apurar o que foi feito no passado
Não deixa de ser bizarro que as principais autoridades da República tenham que largar suas agendas em Brasília para se reunirem, em clima de resolução de conflitos, e decidir, ao final, que todos concordam que o dinheiro público deve ser gasto com transparência, correção e rastreabilidade.
Desmoralizador, para o Congresso, que o gasto público nos últimos anos, com a invenção dessa engenharia secreta de emendas parlamentares, não tenha seguido esse padrão. É preciso que tudo seja investigado. Afinal, muito dinheiro público fluiu por esse ralo e até hoje pouco foi feito pelos órgãos de controle a esse respeito.
No início do mês, o ministro Flávio Dino, do STF, determinou que a CGU faça, em até 90 dias, uma auditoria em todos os repasses de emendas parlamentares, de qualquer modalidade, que beneficiaram organizações não governamentais e demais entidades do terceiro setor entre 2020 e 2024.
Seria o caso de ampliar as investigações para todo o dinheiro público gasto nesses dutos, já que todos concordam que transparência e correção são essenciais.