Bolsonaro resgata discurso de derrotado e ajuda Lula no segundo turno
Em vez de comemorar os bons resultados na economia, como a terceira deflação, presidente volta a jogar apoiadores contra o sistema eleitoral

Jair Bolsonaro vinha surfando uma onda positiva no noticiário durante os primeiros dias de campanha no segundo turno. A vitória de aliados nas eleições para o Congresso e em diferentes governos estaduais, no primeiro turno, lançou a campanha dele numa onda de otimismo. A própria votação do presidente, bem superior ao que as pesquisas mostravam, ajudou nessa consolidação de uma suposta “onda da virada”.
Nesse cenário, o presidente, na avaliação de aliados, deveria seguir batendo nas contradições de Lula e martelando os bons resultados econômicos do governo. Nesta terça, por exemplo, o presidente poderia ter investido nos dados que mostram a terceira deflação seguida no ano.
Em vez disso, os assuntos tocados pelo presidente, que acabam capturando a atenção dos eleitores, são a proposta de interferir no STF e a convocação de apoiadores para permanecerem nas zonas eleitorais no dia 30, como uma espécie de “fiscais” das eleições, algo sem fundamento e que só reproduz um discurso de quem não acredita na própria vitória. Uma fala de derrotado que ajuda Lula — ao aparentar que o próprio presidente já prevê a derrota — e desmotiva a equipe de campanha justamente no momento em que ela precisava de motivação.
“No próximo dia 30, de verde e amarelo, vamos votar. E mais do que isso. Vamos permanecer na região da seção eleitoral até a apuração do resultado”, disse o presidente num evento no Rio Grande do Sul.