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Bolsonaro implode plano preventivo do governo contra coronavírus

Enquanto a equipe técnica da Saúde discute planos de quarentena e isolamento domiciliar para evitar propagação do vírus, presidente chama o povo às ruas

Por Robson Bonin Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 11 mar 2020, 07h20 - Publicado em 11 mar 2020, 07h20

Veja como é dura a situação do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Nessa emergência global do coronavírus, ele tem realizado um trabalho técnico, fugido de polêmicas ideológicas e driblando a agenda de intrigas do Palácio do Planalto. Com cada vez mais casos suspeitos identificados a cada dia, tudo que o ministro não precisava era de um chefe alheio aos problemas reais da epidemia.

Graças a Jair Bolsonaro, o ministro foi exposto ao ridículo nos últimos dias ao falar dos procedimentos de combate ao coronavírus no país. Enquanto sua equipe técnica ensaia protocolos que passam por medidas graves de possível quarentena e isolamento domiciliar de brasileiros – até o fechamento de escolas está na mesa –, o presidente da República convoca as pessoas para se aglomerarem nas ruas com uma pauta de defesa do governo no domingo.

Como pode o mesmo governo considerar grave a ameaça do coronavírus — a ponto de planejar medidas de quarentena — e convocar aglomerações país afora? Mandetta, como auxiliar de Bolsonaro, tem pouco a fazer em relação ao comportamento do chefe. Se o presidente da República não entende a gravidade dos seus atos, quem é o ministro para lhe ensinar?

Alguém no governo deveria ter coragem de dizer o que o presidente não quer ouvir. Afinal, foi ouvindo a bolha de bajuladores que Dilma Rousseff acabou na degola. Bolsonaro vai pelo mesmo caminho, preso numa bolha de bajuladores que temem desagradá-lo.

Em tempo, a justificativa do governo para silenciar diante das convocações de Bolsonaro é a seguinte: o governo ainda não tem provas da circulação do vírus em território brasileiro. Deveria ser mais um motivo para reforçar a ação preventiva.

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