No dia em que desmontou a equipe do Ministério da Saúde que comandava a estratégia brasileira de combate ao coronavírus,
No mesmo dia em que desmontou o Ministério da Saúde em plena pandemia de coronavírus, Jair Bolsonaro ainda encontrou fôlego para provocar um novo choque de poderes no país.
Ao vivo na CNN, o presidente mandou – é esse o termo – o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, respeitá-lo. “Maia tem de me respeitar como chefe do Executivo”, ordenou Bolsonaro.
Quieto no seu canto, Maia logo reagiu, na mesma CNN. “Ele pode atacar, jogar pedras, que o Parlamento vai jogar flores para o governo federal”, disse Maia.
O Radar já mostrou que Bolsonaro precisa do discurso de confronto para manter seu exército nas redes sociais animado. Quando surge moderado, falando coisas que chefes de Estado normais falariam, ele não consegue mobilizar sua tropa abastecida pelo gabinete do ódio.
O problema na postura do presidente é que ele manda no Executivo e, como tal, depende do Legislativo para adotar medidas que ajudem o país a superar a pandemia de coronavíru. Ao decidir impor seu respeito no grito, distancia ainda mais seu governo do Congresso.
Em situações normais, já seria uma catástrofe para a estabilidade democrática do país. Com quase 2.000 mortos na conta e mais de 30.000 infectados pelo coronavírus, Bolsonaro piora um retrato que já é tenebroso.
Seu novo ministro da Saúde, Nelson Teich vai precisar do Parlamento para adotar medidas. No que for essencial, terá apoio de deputados e senadores. Já quando precisar contar com a boa vontade pura e simples, a coisa mudará de figura.