As agendas secretas do Itamaraty em três meses de tarifaço dos EUA
Trabalhando em sigilo, diplomacia se reuniu com mais de quarenta figurões com acesso ao Salão Oval da Casa Branca para chegar a Donald Trump

Nos próximos dias, a novela do tarifaço dos Estados Unidos contra o Brasil completa três meses. Nesse período, as vidas do chanceler Mauro Vieira e de muitos diplomatas do Itamaraty viraram uma série digna de Netflix, com reuniões secretas, reviravoltas, tensões e muitas horas voadas entre Brasília e Washington.
Trabalhando em sigilo, a diplomacia brasileira se reuniu com mais de quarenta figurões com acesso ao Salão Oval da Casa Branca para acessar Donald Trump.
Até chegar ao tranquilo encontro de Trump e Lula na ONU, o chanceler e seus auxiliares viveram algumas tensões. O pior momento se deu no dia em que Alexandre de Moraes colocou tornozeleira em Jair Bolsonaro. “Foi um episódio crítico nessa aproximação”, diz um auxiliar.
A decisão de Moraes, naquele momento, mostrou aos Estados Unidos que não haveria recuo, impactando o trabalho do Itamaraty.
O clima finalmente melhorou quando Bolsonaro foi condenado pelo STF num julgamento tranquilo e sem revolta popular, o que desmascarou a narrativa bolsonarista, então vigente no gabinete de Trump, de que haveria uma ditadura no Brasil.
A aproximação do Itamaraty com o governo Trump envolveu ainda cinco missões secretas de diplomatas que foram a Washington abrir canais com interlocutores da Casa Branca.
O sigilo é o que guia a diplomacia agora na negociação em torno do telefonema entre Lula e Trump. Os passos já foram dados, mas a agenda depende da tumultuada situação nos EUA, com guerras e o shutdown.