Antes da canetada de Dino, aliado de Lula criticou “Congresso empoderado”
Para Edinho Silva, Legislativo passou a "executar o orçamento" num desequilíbrio do pacto federativo: "Brasil não é mais o presidencialismo"

Na lógica conspiratória dos caciques do Congresso ouvidos pelo Radar, as ações de Flávio Dino por mais transparência no uso de emendas parlamentares no Parlamento têm o objetivo de devolver a Lula o poder perdido sobre o Orçamento da União.
Além da canetada de Dino nas emendas, os políticos citam decisão de Cristiano Zanin, outro ministro indicado por Lula — que suspendeu a lei de desoneração de setores da economia –, para fundamentar a suspeita de que o presidente da República usa o STF para dobrar resistências no Legislativo.
Se Lula tenta compensar ou não sua falta de apoio político no Parlamento, é outra história. Mas um dos mais importantes conselheiros do presidente, o ex-ministro petista e prefeito de Araraquara, Edinho Silva, reconheceu outro dia essa fragilidade diante do Congresso detentor das emendas.
“Devido ao que foi feito no governo Temer depois do golpe e no governo Bolsonaro, o Brasil não é mais o presidencialismo clássico que havia. É um semipresidencialismo, um semiparlamentarismo. O presidente Lula construir a governabilidade quando o Executivo perde boa parte das suas atribuições, é muito complicado. Estamos vendo um esforço do ministro Padilha em construir a base governamental numa situação onde o Congresso Nacional está muito empoderado porque ele passa a executar o orçamento. Há um desequilíbrio do pacto federativo”, disse Edinho.
Feitas sob medida ou não, as decisões de Flávio Dino no STF sobre as emendas ajudam a resolver um problemão de Lula bem definido por Edinho.