André Vargas ressurge como ‘perseguido’ pela Lava-Jato — Lula fez escola!
Ex-deputado segue o ex-presidente petista e se diz condenado injustamente por uma trama judicial para tirar o PT do poder

Veja como Lula vai fazendo escola na turma de corruptos da Lava-Jato. Condenado a 23 anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na Lava-Jato, o ex-deputado do PT André Varas resolveu voltar à vida pública nesta sexta-feira. Em um vídeo enviado ao Blog do Esmael, o ex-deputado se lançou a avaliar a conjuntura política do país no momento.
Morando atualmente na zona rural do município de Ibiporã, Norte do Paraná, Vargas passa o dia roçando uma propriedade de cinco alqueires, onde planta pitaia, maracujá e mandioca. “Aqui que eu estou tentando reorganizar minha vida, mas não deixo de estar atento aos fatos políticos do meu país, lamentado a triste quadra que estamos passando… Conquistas indo embora, escracho geral a nível internacional, a política econômica gerando desempregos, brutal, políticas sociais sendo destruídas, como o bolsa família”, diz Vargas no vídeo.
O petista afirma que ficou 42 meses preso “injustamente”. A Lava-Jato, diz ele, “foi um processo político de perseguição cujo objetivo era prender o ex-presidente Lula e alcançar o poder”. Para refrescar a memória da nova vítima de perseguição política da Lava-Jato, o Radar preparou um breve histórico.
Há seis anos, quando a Lava-Jato colocou o bloco na rua numa manhã de 17 de março, até então para prender um grupo de doleiros vinculados a um posto de gasolina em Brasília, o então deputado André Vargas (PT-PR) experimentava o alvorecer de sua carreira política.
Vice-presidente da Câmara, sentia-se influente e forte o suficiente para alçar voos mais ambiciosos e até flertar com uma candidatura ao Senado.
Como secretário nacional de Comunicação do PT, rodava o pais articulando a guerrilha virtual petista na internet, desqualificando adversários políticos e espalhando fake news favoráveis ao governo – igualzinho ao que o bolsonarismo repete agora.
Na cerimônia de retomada dos trabalhos do Legislativo, naquele ano de 2014, Vargas andava tão destemido que chegou a tentar humilhar o então presidente do STF, Joaquim Barbosa, repetindo, ao lado do ministro na Mesa Diretora do plenário da Câmara, o famoso gesto de protesto dos mensaleiros presos e condenados pelo Supremo.

A aura de poder de Vargas brilhava por fora, mas já estava em estado de decomposição nos bastidores da investigação da Lava-Jato. O deputado petista levava uma vida dupla. Em público, defendia interesses da sociedade no Parlamento, debatia projetos de lei, recebia lideranças para discutir temas variados.
Em privado, tocava uma ambiciosa sociedade com o doleiro Alberto Youssef, o homem que viria a entregar, com sua delação, empreiteiros bilionários e influentes políticos da República metidos no assalto aos cofres da Petrobras, o maior esquema de corrupção da história do Brasil.
A face oculta de Vargas foi revelada por este colunista na edição de VEJA de 9 de abril de 2014. O petista, até então, lutava para mostrar que era apenas um amigo de Youssef, um empresário com negócios em Londrina, terra natal de ambos.

Na capa de VEJA, porém, as mensagens interceptadas pela Lava-Jato não deixavam margem a dúvidas sobre sociedade criminosa. “Acredite em mim. Você vai ver o quanto isso vai valer… Tua independência financeira e a nossa também, claro…”, escreveu Youssef ao deputado.
Naquele momento, Vargas usava sua influência política junto ao ministério da Saúde, então comandado por Alexandre Padilha, para armar um golpe milionário em parceria com Youssef. Era essa jogada que garantiria a “independência financeira” da dupla.
A ideia era criar um laboratório de fachada, o Labogen, para forjar o fornecimento de medicamentos ao Sistema Único de Saúde num esquema estimado em de 150 milhões de reais. “Estamos mais fortes agora”, disse Vargas ao doleiro, confiante do sucesso da fraude.

Em outra mensagem, Youssef pedia socorro ao deputado para seus negócios de doleiro. “Tô no limite. Preciso captar”, escreveu a Vargas. “Vou atuar”, respondeu de pronto o petista.
As provas reveladas por VEJA seriam ampliadas pelos investigadores, que chegariam a outros golpes aplicados pelo petista nos meses seguintes. Vargas perderia o mandato na Câmara, seria expulso do PT até ser preso, em abril de 2015. Com três condenações na Lava-Jato – 23 anos de cadeia — por crimes como corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o petista ficou preso até meados de 2018, quando conquistou a liberdade condicional.
O petista saiu quieto da cadeia com uma multa de reparação de danos de 1,1 milhão de reais a pagar em 72 parcelas à Justiça. Agora, porém, dá sinais de que tentará voltará ao universo político. Do jeito que a coisa vai, logo estará recebendo prêmio em Paris.