A receita de um senador aliado para Lula conter crise no Congresso
Palácio do Planalto precisa buscar o diálogo com líderes do Legislativo, sob pena de ver a crise escalar ainda mais, avalia o experiente parlamentar

Observando a falta de perspectiva por uma pacificação com o Congresso que permita ao governo emplacar sua agenda legislativa e chegar com força nas eleições de 2026, um senador aliado ao presidente Lula alerta que, mesmo depois de judicializar a derrubada dos decretos do IOF, o Palácio do Planalto precisa buscar o diálogo com líderes do Legislativo, sob pena de ver a crise escalar ainda mais.
Na avaliação desse senador, antes que parlamentares governistas comecem a fazer o trabalho de reconstruir pontes do Executivo com o Congresso, Lula e os ministros da articulação política precisam mostrar que querem ser ajudados – ou seja, mobilizar, por iniciativa própria, seus aliados e pedir que entrem em campo para não deixar o conflito entre poderes correr solto.
O histórico recente, no entanto, não é animador. Nos últimos encontros com parlamentares nas residências oficiais das presidências da Câmara e do Senado, Lula foi alertado repetidamente sobre os riscos do isolacionismo de se manter a “cozinha” do Planalto – a Casa Civil e a Secretaria de Relações Institucionais, principalmente – toda nas mãos do PT. Houve críticas especificamente à atuação de Rui Costa.
Até agora, Lula não deu qualquer sinal de ter prestado atenção nos conselhos, afirma o senador aliado.
Nos próximos dias, deve haver uma série de conversas sobre o panorama político envolvendo o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), o líder do governo na Casa, Jaques Wagner (PT-BA), e o líder do MDB, Eduardo Braga (AM). Na terça-feira, em um gesto que não pode ser desprezado depois da derrubada do IOF, Alcolumbre comandou a aprovação da medida provisória que antecipa bilhões de reais do pré-sal para custear a ampliação do Minha Casa, Minha Vida.
Ainda assim, no retrato do momento, sobressai a constatação de que o governo está tornando inviável para seus aliados fora do PT justificar, dentro de seus partidos, o apoio à reeleição de Lula no ano que vem.