A dez dias do fim da campanha, Lula terá esperado duelo com a Lava-Jato
Decisão de Bolsonaro de lançar Sergio Moro no front contra o petista deve proporcionar a batalha perdida com a saída do ex-juiz da corrida presidencial

Quando Sergio Moro desistiu da disputa presidencial, aliados de Lula comemoraram: o ex-presidente estava livre do duelo direto do passado de corrupção petista com a Lava-Jato nas urnas.
Por vias tortas, esse duelo será retomado nos últimos dez dias de campanha. Depois de aparecer no debate da Band ao lado de Bolsonaro, o ex-juiz da Lava-Jato — que tem a memória de todos os segredos de Lula apurados durante a longa investigação — será usado na linha de frente da campanha de Bolsonaro para tentar tirar votos do petista.
Lula escolheu correr o risco de tentar chegar ao Planalto sem prestar contas do passado de corrupção investigado pela Lava-Jato. Seguiu o caminho mais fácil de desqualificação completa da operação, optando pelo papel de vítima de uma conspiração. Moro, como ficou provado mais tarde no STF, foi parcial na condução do caso, mas isso não eliminou as provas obtidas pela investigação nem fez desaparecer a relação — marcada por nebulosos interesses — de Lula com empreiteiros.
Por não ter enfrentado seus erros do passado, o petista agora terá que enfrentar na arena política o ex-juiz que o levou à prisão. A campanha de Bolsonaro deposita muita esperança no potencial de votos que Moro possa tirar de Lula com suas críticas sobre a roubalheira petista e o resgate histórico dos achados da investigação. Se vai dar certo, o tempo dirá.