Escritório nos EUA tem salto na busca pelo Green Card após vitória de Lula
Aumento de 263% na procura por vistos ocorreu nas duas semanas após o segundo turno das eleições, na comparação com as duas semanas anteriores

Um escritório de advocacia imigratória para os Estados Unidos registrou um salto de 263% na busca de brasileiros pelo Green Card nas duas semanas após o segundo turno das eleições, vencido por Lula na disputa contra o presidente Jair Bolsonaro.
Sediado Washington, o AG Immigration foi procurado por 475 clientes interessados nos serviços de expatriação entre os dias 16 e 30 de outubro, e por 1.723 de 31 de outubro a 15 de novembro. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o aumento foi de 595%.
O CEO da empresa, Rodrigo Costa, informou que, em momentos de mudanças políticas a tendência, é de maior procura por morar fora do país, e os Estados Unidos são o principal destino dos brasileiros. O resultado, porém, é maior do que em outros períodos eleitorais, e parte disso se deve à polarização acirrada neste pleito.
“Sempre tem um lado que vai ficar insatisfeito e vai procurar por oportunidades”, afirmou Costa ao Radar.
O crescimento da procura pela obtenção do visto definitivo para viver nos Estado Unidos é crescente. O recorde de vistos emitidos a brasileiros (cerca de 20.000) foi registrado em 2019. No ano seguinte, mesmo com a pandemia, foram aproximadamente 18.000 Green Cards concedidos para naturais do Brasil.
Segundo Rodrigo Costa, uma diferença na legislação impulsionou a debandada brasileira, e também mudou o perfil dos imigrantes. O EB-2 NIW, tipo de visto concedido a imigrantes com carreiras notórias, foi mais flexibilizado. Se antes, abarcava apenas profissionais de extrema relevância, agora, é emitido para pessoas com um bom currículo e formação sólida, mas não, necessariamente, casos excepcionais.
“Tem muita oferta de trabalho”, declarou Costa, que verificou também um aquecimento no mercado e falta de mão de obra qualificada após a pandemia. “O perfil do brasileiro imigrante mudou”, constatou.
As alterações da política exterior e da economia norte-americana mudam a percepção dos brasileiros, que não precisam mais se sujeitar a subempregos para viver nos Estados Unidos. Cidadãos de outros países, como Índia e China, já se deram conta dessa mudança há mais tempo e muitos profissionais fazem a vida no exterior.
Segundo Costa, todos os setores oferecem vagas, que podem ser ocupadas por brasileiros, com destaque para as áreas de tecnologia, logística, engenharia, estética e saúde. Apenas para profissionais de odontologia, por exemplo, existe hoje uma defasagem de 11.000 trabalhadores nos Estados Unidos.