A convergência entre Bolsonaro e o novo chefe da DPU: a pílula do câncer
Segundo colocado na lista tríplice, defensor Daniel Pereira foi escolhido pelo presidente após lobby da Associação de Juristas Evangélicos
Jair Bolsonaro escolheu Daniel Macedo Pereira para comandar a Defensoria Pública da União (DPU).
Evangélico, Pereira foi segundo colocado na lista tríplice votada pela classe. Ele teve o apoio da Associação Nacional dos Juristas Evangélicos (Anajure).
Não só a proximidade do presidente com esse segmento religioso pesou na escolha.
Os dois já se conhecem do passado.
Na Câmara, Bolsonaro foi um dos principais entusiastas do projeto e dos calorosos defensores da “pílula do câncer”, à base da fosfoetanolamina.
A liberação do muito polêmico e ainda discutível medicamento foi aprovado no Congresso e sancionado por Dilma Rousseff em 2016. O remédio foi barrado no STF, após ações de entidades médicas.
Daniel Pereira, já como defensor da União, foi um “militante” da causa à época da discussão. Participou de debates públicos, apresentou documentos que comprovavam suposta eficácia da pílula e ajuizou ações a favor de sua liberação em todo o país.
Ligado ao movimento pró-vida, contrário a toda e qualquer previsão de aborto, Pereira é a aposta da Anajure para levar pautas mais conservadoras para dentro da DPU, visto como um espaço de pautas progressistas.
Bolsonaro, depois de eleito, voltou defender a liberação da pílula, remédio que defende com unhas e dentes, tal e qual a cloroquina.
Lotado na DPU no Rio, Pereira é professor de pós-graduação de Direito Processual Civil e Direito Médico na Fundação Getúlio Vargas, no Ibmec e na Escola de Magistratura do Rio, entre outras instituições.