“Rudimentar” de volta
Dilma Rousseff puxou a orelha de Joaquim Levy ao dizer que ele foi infeliz quando afirmou que as desonerações na folha de pagamento eram uma brincadeira. Neste imbróglio há dois pontos que precisam ser enfatizados. Um relevante; e o outro apenas como curiosidade. O relevante é o seguinte: Levy não deveria ter dito nada daquilo, […]
Dilma Rousseff puxou a orelha de Joaquim Levy ao dizer que ele foi infeliz quando afirmou que as desonerações na folha de pagamento eram uma brincadeira.
Neste imbróglio há dois pontos que precisam ser enfatizados. Um relevante; e o outro apenas como curiosidade.
O relevante é o seguinte: Levy não deveria ter dito nada daquilo, mas falou o que pensa. Ele, de fato, considera as medidas anticíclicas tomadas a partir de 2012 desastrosas.
Levy representa justamente o contrário daquele desenvolvimentista do primeiro mandato, um receituário que, de resto, fracassou – e por isso, ele foi chamado para o Ministério da Fazenda.
Apesar disso, é evidente que o ministro Joaquim Levy escorregou. Não vai ajudar em nada a vida dele cair na tentação de apontar as bobagens feitas no governo passado – até porque a presidente é a mesma…
O dado curioso dessa história passou meio despercebido. E diz respeito a um adjetivo. Qual? Rudimentar.
Joaquim Levy disse na desastrada entrevista de sexta-feira que o Reintegra, um programa de compensação de créditos tributários da área de exportação, e no qual ele passou a tesoura, é “um pouco rudimentar”.
Trata-se da volta do adjetivo que marcou uma célebre disputa entre Dilma e o então ministro da Fazenda Antonio Palocci.
Em 2005, numa entrevista a O Estado de S. Paulo, Dilma classificou de “rudimentar” uma proposta de ajuste fiscal de longo prazo da então equipe econômica, da qual, aliás, Levy fazia parte. Palocci chegou a reclamar com Lula da colega de ministério.
Ainda bem que Dilma aparentemente pareceu não perceber a volta do adjetivo “rudimentar” na discussão. Poderia pensar que era provocação.