10/9/2007 – 14/9/2007

A família de ACM espalhou por Salvador vários outdoors com a frase: “Saudade de ACM”.

O IBGE está liberando neste instante os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2006. Os números mostram que, no geral, o Brasil continua melhorando em vários aspectos, inclusive no consumo. Aumentou o número de famílias que têm eletrodomésticos em casa. Comprou-se mais geladeiras, fogões, máquinas de lavar e computadores, por exemplo.

Mas há um dado curioso. Diminuiu o número de domicílios com freezers, aparelhos que há apenas dez anos eram o sonho de consumo da classe média. Em 2001, 18,8% das casas tinham onde estocar o frango e a carne que vinham do supermercado. Em setembro de 2006, quando foi feita a coleta de dados, apenas 16,4% das casas dispunham deles. A explicação mais plausível: aumentou a venda de geladeiras duplex, aquelas com duas portas.

O apresentador Ratinho comprou ontem quatro retransmissoras do SBT no Paraná, que pertenciam ao grupo do ex-governador Paulo Pimentel. Pagou 70 milhões pelas tevês Iguaçu (Curitiba), Tibagi (Apucarana), Naipi (Foz do Iguaçu) e Cidade (Londrina). Foram meses de conversas, que tiveram uma reviravolta nos últimos momentos. Inicialmente, o SBT seria sócio de Ratinho no negócio. Mas o apresentador acabou fechando sozinho a transação, numa reunião que durou praticamente o dia inteiro de ontem, em Curitiba.

As emissoras são de Ratinho, mas estão em nome de dois dos seus filhos, os gêmeos Rafael e Gabriel. Ratinho, aliás, tem uma estratégia toda peculiar como dono de tevê: ele já é dono de uma retransmissora da RedeTV!, a TV Massa Litoral, que entra no ar até o fim do ano, transmitindo para os municípios do litoral do Paraná.

Ratinho comprou retransmissoras do SBT. Beleza. Mas, ironicamente, está há mais de um mês fora do ar na rede de Silvio Santos.

A redução das duas pistas do aeroporto de Congonhas para garantir a existência de uma área de escape, anunciada ontem à noite pelo ministro Nelson Jobim, terá desde já duas grandes companhias prejudicadas: a Gol e a BRA.

Renan Calheiros deve pedir uma licença médica de dez a quinze dias. O Planalto queria uma licença maior.

De um assessor que acompanha Lula em seu tour europeu a propósito da votação de ontem no Senado, reafirmando o que já se sabe: “Ninguém aqui na comitiva ficou triste com o resultado…”. 

Um incêndio de grandes proporções nas imediações de Corumbá, Mato Grosso do Sul, ameaça atingir a torre do Cindacta 1, usada para controlar o espaço aéreo em parte da região Centro-Oeste. O primeiro foco do incêndio surgiu na semana passada, numa região de difícil acesso e sem corpo de bombeiros. Não foi controlado e alastrou-se. Na região, está localizada também a mina de Urucum, pertencente a Vale do Rio Doce.

Hoje, até o Exército mobilizou-se para debelar o fogo, por causa de um paiol instalado na região.

Ao ouvir na madrugada de hoje, pela enésima vez, que o resultado da votação de ontem aumentava o fosso entre o Senado e a sociedade, um senador que votou pela cassação de Renan ironizou: “A solução do Senado para esse divórcio é clara: troquem a sociedade…”

Constatação: nenhum senador renanzista teve coragem de, ontem no plenário, aplaudir o resultado da votação. Comemoração só às escondidas. Cara-de-pau tem limite.

A votação vai começar agora, neste minuto.

De um senador que está dentro do plenário do Senado, falando agora há pouco, via celular, sobre o clima da sessão:

– A sensação é de que a cada hora que passa a situação está melhorando.

– Melhorando para quem, senador?

– Para o Renan.

Ou seja, está piorando para o Brasil.

O mercado de refrigerantes brasileiro teve um agosto meio sonolento, sem grandes emoções, segundo o relatório da AC/Nielsen que está saindo hoje. A Coca-Cola – a empresa, não a marca – ficou praticamente estável, com 56,3% do mercado total (tinha 56,2%). E  a AmBev manteve os mesmos 17% de share.

Quando se olham as marcas, duas chamam a atenção. A Coca Zero continuou ganhando mercado: passou de 3,4% para 3,6%, entre julho e agosto. E a H2OH!, da AmBev, a grande sensação da empresa neste ano, caiu em São Paulo de 5,2% para 4,4%. Em nível nacional, a queda foi pontual: de 1,5% para 1,4%

Enquanto o caso Renan é julgado, o mercado financeiro faz a festa no pregão de hoje da Bovespa com as ações da Kepler Weber, fabricante de silos agrícolas. No início da tarde o papel chegou a subir 200% em relação ao fechamento de ontem. Agora, caiu um pouco, mas ainda é um desempenho espetacular: a ação está cotada a 2,10 reais. Ou seja, 108% de alta em relação ao 1,01 real do fechamento de ontem. O motivo é notícia, publicada no Valor Econômico de hoje, da reestruturação da dívida de 382 milhões de reais da empresa, após arrastadas negociações.

A Kepler Weber era uma daquelas empresas-mico na carteira dos fundos de pensão estatais Previ e Serpros. O Banco do Brasil é outro sócio da empresa. Agora, existe a chance real de passar de sapo para príncipe.

A sessão do senado segue morna. Mesmo neste momento, em que Jarbas Vasconcelos está batendo pesado em Renan. Até agora, os discursos a favor do presidente do Senado são maioria. Todos os petistas que já falaram o defenderam. Muito corajosos.

A sessão de logo mais no Senado será secreta, como se sabe. Ou quase. Hoje de manhãzinha, numa conversa com um jornalista que pedia informações sobre a votação, um senador sacou essa:

– Se quiser saber mais coisas da votação é só ligar.

– Antes ou depois da votação, senador? – perguntou o jornalista.

– Durante.

Agora há pouco, em conversa reservada Delcídio Amaral (PT/MS) disse que não vai declarar voto, nem antes, nem durante e nem depois da sessão secreta de hoje no Senado. Mas que iria votar pela cassação de Renan Calheiros.

Não é só a Bienal do Livro do Rio de Janeiro que está movimentando o mercado editorial e deixando os editores agitados. Há negociações em curso de novas aquisições. Em estágio avançado.

Aloisio Mercadante recusa-se a dizer como votará amanhã. Quem conversa reservadamente com ele nota uma propensão para cassar Renan Calheiros. Mas o petista não abre a guarda. De qualquer maneira, nega que vá abrir o seu voto somente após a sessão de amanhã no Senado  (veja nota postada hoje às 10h00). “Vou revelar o meu voto durante a sessão, na fase dos debates, diante de todos os senadores. Antes, portanto, da votação”. Melhor assim.

Mercadante acha que, hoje, Renan se safaria, mas por poucos votos. “Mas amanhã há chance disso mudar”.

A Am Bev foi o único fabricante que ganhou participação de mercado no Brasil em agosto, segundo o novo relatório da AC/Nielsen. Seu share passou de 67,5% em julho para 67,7%. Uma boa notícia para a empresa, que vinha perdendo participação nos últimos meses. Ainda assim, foi um mês morno. Sem grandes alterações. A guerra das cervejas anda meio devagar…

A Petrópolis, fabricante da Itaipava e terceira maior cervejaria do país, manteve os 8,3% de julho. E a Femsa (dona das marcas Kaiser e Sol) também ficou no mesmo lugar. Permaneceu com 7,6% do mercado. É o terceiro mês consecutivo que a cervejaria mexicana marca este percentual – embora tenha apostado pesado no Pan para melhorar o seu desempenho. A Schincariol, segunda maior companhia do setor, perdeu 0,3% de mercado em agosto. Caiu de 12,6% para 12,3%.

A CPI do Apagão Aéreo no Senado ouvirá amanhã mais três ex-dirigentes da Infraero: Roberto Spinelli, Tércio Barros e Ademar Nunes. O trio, que atuava na área comercial da estatal, é alvo de sindicância na Controladoria-Geral da União. É suspeito de favorecer concessionários de mídia aeroportuária.

Lula almoçou com os reis da Suécia e, em seguida, fez uma visita de cortesia ao presidente do Parlamento. Agora, segue para um encontro com o primeiro-ministro. É uma programação trivial, insípida até. A preocupação de sua comitiva presidencial é uma só: a hora em que Lula inevitavelmente falará com os jornalistas brasileiros. Lula já disse aos mais próximos de sua assessoria que não quer falar de Renan Calheiros. Não quer, mas vai.

Assim como Francisco Dornelles (veja nota postada hoje às 7h03), Aloisio Mercadante diz que abrirá o voto. Mas só depois da votação. Ou seja, com o resultado já conhecido…

José Dirceu disse ontem reservadamente que acha a cassação de Renan Calheiros “o mais provável de acontecer” amanhã. E que “tudo dependerá da pressão da mídia sobre o Congresso”.

A Casas Bahia, o maior anunciante brasileiro, vai fechar o ano com gastos de 250 milhões de reais em publicidade na Rede Globo. É um montante que, sozinho, já seria equivalente ao faturamento de uma grande empresa brasileira

A Anac fechou as estatísticas de participação de mercado das empresas aéreas relativas a agosto. O período é significativo porque se pode perceber o reflexo do acidente com o Airbus da TAM, ocorrido em 17 de  julho. O desastre pode não ser a única razão, mas o fato é que a TAM teve uma queda na participação maior do que a Gol. Baixou de 50,63% do mercado doméstico para 49,28%. Enquanto isso, o grupo Gol (o que inclui a Varig), que tinha 39,63%, ficou com 39,19%. Ou seja, quase a mesma coisa.

O diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, acaba de anunciar investimentos de 15 bilhões de dólares para o período 2008-2012. O anúncio faz parte da briga diária para se manter no cargo, que está sendo disputado pelos partidos da base aliada. A bancada do PMDB mineiro na Câmara quer emplacar em seu lugar o ex-diretor comercial da BR Distribuidora João Henriques.

Ainda não é para já. A única mudança que Lula pretende fazer na Petrobras agora é a nomeação do companheiro José Eduardo Dutra na presidência da BR Distribuidora. As outras substituições ficarão para depois da votação da CPMF, que deverá acontecer na semana que vem. Aí sim, Cerveró terá que usar seu arsenal de apoios políticos para se manter. Suas principais armas são José Sarney, Delcídio Amaral e Renan Calheiros – este último, claro, se conseguir passar desta quarta-feira.

O Pátria Investimentos cancelou seu IPO (oferta pública inicial de ações), que estava sendo coordenado pelo Credit Suisse. Não desistiu. Mas avaliou que ainda não é o momento.

Que política que nada. Aécio Neves passou o feriadão de 7 de setembro montado numa motocicleta, percorrendo a Serra da Canastra ao lado de alguns amigos o peito – todos motoqueiros de quatro costados. Dormiram em pousadas, sem qualquer aparato especial. Nada de ajudante de ordens, chefe de gabinete ou segurança especial. A Serra da Canastra fica em Minas Gerais. É um lugar repleto de cachoeiras e lá estão situadas as nascentes do Rio São Francisco.

Teve mais um passo na Justiça uma milionária briga envolvendo o Diário de São Paulo. Na semana passada, o juiz da 1ª Vara de Falências de São Paulo, Alexandre Lazzarini, aceitou o pedido de falência do jornal feito pela Sedre Participações Societárias. A ação remonta ainda ao tempo em que o jornal chamava-se Diário Popular e pertencia a Orestes Quércia – desde 2001 é propriedade da Infoglobo Comunicações (ou seja, da família Marinho).

No centro da disputa judicial está uma dívida de 53 milhões de reais contraída nos tempos de Quércia (em 1996) e hoje detida pela Sedre. A Infoglobo já foi citada. Tem até sexta-feira para contestar a decisão – o que, evidentemente, fará, dizem seus advogados. A empresa reconhece a dívida mas, numa nota oficial de dois meses atrás, diz que “vem tentando uma solução satisfatória e construtiva para o equacionamento” do problema.

A Helibras, a maior fábrica de helicópteros da América Latina, montou um plano estratégico que tem como objetivo torná-la uma espécie de Embraer do setor. Dentro desse projeto, sua maior aposta são os helicópteros de médio porte. Hoje, eles custam uma média de 50 milhões de reais. A Helibras está desenvolvendo modelos para serem vendidos por 15 milhões de reais.