Tempo: o precioso recurso para pequenos e médios empresários de varejo
96% dos líderes de PMEs em todo o Brasil estão envolvidos em tarefas operacionais, o que lhes deixa pouco tempo para pensar estrategicamente
Juliana começou sua jornada empreendedora com uma pequena loja de roupas no interior de São Paulo. Seu talento e dedicação fizeram o negócio crescer rapidamente, e hoje ela gerencia três lojas. Mas, com o crescimento, vieram os desafios. Além de pensar na expansão de sua marca, ela gerencia o estoque, supervisiona as vendas, cuida do atendimento ao cliente e negocia com fornecedores. Se fôssemos usar os termos adotados por grandes corporações, para gerir sua empresa Juliana assume simultaneamente os papeis de CEO, CFO, gestora de RH e Diretora de Marketing. Mas, com tantas responsabilidades, o que falta para Juliana? Tempo.
Essa história reflete a realidade de muitos empresários brasileiros. Segundo a pesquisa “Cabeça de Dono”, realizada pelo Instituto Locomotiva em parceria com o Itaú Empresas e que ouviu 1.001 líderes de PMEs em todo o Brasil, 96% dos líderes de pequenas e médias empresas estão envolvidos em tarefas operacionais em pelo menos uma área do negócio, o que lhes deixa pouco tempo para pensar estrategicamente. Juliana, como tantos outros, acaba “apagando incêndios” no dia a dia, e se queixa de não conseguir se concentrar em planos de crescimento e no desenvolvimento de novos produtos.
Essa sobrecarga tem um preço. A pesquisa revela que 64% dos empresários encontram dificuldades para equilibrar o tempo entre o trabalho e a família, e mais da metade já enfrentou problemas de saúde causados pelo estresse. Para Juliana, que se desdobra entre as exigências da empresa e o desejo de estar mais presente em casa, isso se traduz em uma sensação de sobrecarga constante.
Além do impacto pessoal, a falta de tempo afeta diretamente o crescimento do negócio. A pesquisa aponta que 8 em cada 10 pequenos e médios empresários sentem que é difícil conseguir aumentar o faturamento, e lidar com questões externas ao negócio, como crises econômicas e a concorrência. Para Juliana, isso significa que informações e apoio para conseguir ter mais previsibilidade sobre o cenário de mercado e as tendências do seu segmento seriam muito bem-vindos.
Se o tempo é um recurso finito, como usá-lo de maneira mais eficiente? Uma saída que poderia contribuir segue sendo um grande desafio para os pequenos e médios empresários brasileiros: delegar. Confiar em uma equipe capacitada pode ser a chave para liberar o tempo necessário para que empresários como Juliana possam se concentrar no crescimento e na inovação, mas a dificuldade de encontrar trabalhadores em quem possam confiar é uma queixa frequente desses líderes.
Outro passo importante é buscar apoio especializado. Parceiros que auxiliem o empreendedor e plataformas de gestão podem ajudar a otimizar processos e automatizar tarefas, permitindo que empresários liberem tempo para atividades que realmente fazem a diferença.
A boa notícia é que, apesar de todos esses desafios, o empresário brasileiro é otimista. De acordo com a pesquisa, a maioria segue esperançosa e motivada a expandir seus negócios. Mas, para que esse otimismo se transforme em crescimento real, é preciso encontrar maneiras de usar o tempo de forma estratégica.
A reflexão que fica para empresários como Juliana — e para todos nós — é simples: o tempo é um recurso finito, e aprender a priorizá-lo pode ser a chave para transformar não apenas os negócios, mas também a qualidade de vida. Como você pode usar melhor o seu tempo hoje para garantir um futuro de mais sucesso e equilíbrio?
*Cadu Peyser, diretor de estratégias e produtos para PMEs do Itaú Unibanco