Luta por igualdade, justiça e respeito à diversidade racial ainda é grande
O racismo estrutural gera disparidades socioeconômicas, sobretudo para mulher negra

O Dia da Consciência Negra serve como lembrete da importância da luta por igualdade, justiça e respeito à diversidade racial e para a construção de uma sociedade mais inclusiva. É fato que houve aumento na consciência sobre as questões raciais após a mobilização crescente de movimentos sociais e organizações, assim como foram implementadas políticas afirmativas, como cotas em universidades e concursos públicos. No entanto, os desafios persistem; são muitos e diversos.
O racismo estrutural ainda é uma realidade no Brasil, refletindo em disparidades socioeconômicas, acesso desigual à educação, saúde e oportunidades de trabalho para a população negra. Ainda pior para as mulheres negras, conforme a pesquisa “Racismo estrutural e mercado de trabalho” realizada pela iO Diversidade e pelo Instituto Locomotiva.
Mulheres negras com ensino superior chegam a receber 60% a menos do que homens brancos com o mesmo nível de escolaridade. A diferença salarial aumenta de acordo com a idade, indicando a maior dificuldade que as mulheres negras têm para construir carreiras ao logo da vida profissional.
O expressivo gap salarial crescente conforme a faixa etária entre pessoas negras e brancas com o mesmo nível de escolaridade demonstra a importância de se olhar para a carreira das pessoas negras e a necessidade de ações que gerem oportunidades para que essas pessoas cresçam ao longo da vida profissional.
A Câmara dos Deputados aprovou a urgência para apreciar o Projeto de Lei 3268/21, que pretende declarar o Dia de Consciência Negra um feriado nacional. A criação de um feriado nacional para celebrar a data da morte de Zumbi, o líder do Quilombo dos Palmares, foi um pleito apresentado pela bancada negra da Câmara. O texto já foi aprovado no Senado no ano passado.
Atualmente, a data é marcada como feriado em apenas cinco estados do país: Alagoas, Amazonas, Amapá, Mato Grosso e Rio de Janeiro. Também é feriado municipal em 1.260 cidades brasileiras. Como o Brasil tem 5.568 municípios, o Dia da Consciência Negra é, portanto, feriado em apenas 29% das cidades do país.
São movimentos importantes e simbólicos para mobilizar a sociedade para a causa, mas o caminho é longo. Os dados estão aí para mostrar como o racismo é danoso não só para as pessoas que o enfrentam, mas também para toda sociedade brasileira.