
As datas comemorativas no Brasil carregam significados que vão muito além do calendário do varejo. O Dia dos Pais é um bom exemplo disso. Não se trata apenas de comprar um presente, trata-se de reconhecer uma figura que pode assumir múltiplas formas: pai biológico, padrasto, avô ou companheiro.
Em nossa mais recente pesquisa no Instituto Locomotiva, feita em parceria com a QuestionPro, ouvimos 1.499 brasileiros de todas as regiões, faixas de renda e perfis socioeconômicos. Os resultados apontam para um crescimento expressivo da importância simbólica da data. Em 2025, três em cada quatro brasileiros afirmam que pretendem presentear alguém no Dia dos Pais, um aumento de 16 pontos percentuais em relação a 2024. Isso representa 122 milhões de pessoas mobilizadas em torno de uma homenagem que diz muito sobre nossos laços sociais.
Mas não é só quem dá presente que se movimenta. A maioria dos homens com filhos esperam ser presenteados neste ano. A expectativa é ainda maior entre os pais das classes AB, mostrando que, independentemente do perfil econômico, a data desperta um desejo coletivo de reconhecimento.
Quando perguntamos quem será presenteado, dois em cada três brasileiros que irão às compras pretendem homenagear o próprio pai. Outros 33% irão presentear o marido ou companheiro, seguidos por sogros, irmãos e tios. A diversidade de destinatários revela que a paternidade, no Brasil, é vivida e reconhecida em diferentes formatos e afetos.
No topo da lista de intenções de compra estão roupas e acessórios, seguidos por calçados, cosméticos, eletrônicos e ferramentas. Esses itens compartilham atributos fundamentais como o valor simbólico, a variedade de preços e a facilidade de escolha. São produtos que se adaptam ao bolso do consumidor, sem que o gesto perca sua importância.
O que vemos é que o Dia dos Pais continua sendo uma oportunidade de expressão emocional, mas também de conexão social e econômica. Do comércio popular às grandes redes, a data movimenta o varejo e reafirma o lugar que essa figura ocupa na vida de milhões de brasileiros. Em tempos de transformações nos modelos familiares, reconhecer essas relações é um ato de carinho e pertencimento. No fim das contas, mais do que o valor do presente, o que está em jogo é o valor da presença.
Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva