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Por Trás dos Números

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Renato Meirelles é pai da Helena, acredita que a Terra é redonda, está à frente do Instituto Locomotiva e, neste espaço, interpreta os números muito além da planilha Excel
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Chefes? Não, obrigado! O curioso caso da Geração Z e a aversão ao poder

Os nascidos entre 1995 e 2010 têm uma visão diferente sobre o que significa sucesso profissional

Por Renato Meirelles 15 out 2024, 14h37

Outro dia, numa conversa despretensiosa, uma jovem recém-formada me confidenciou que havia sido promovida a um cargo de chefia. Preparei-me para parabenizá-la, mas percebi um certo desconforto em seu olhar. “Não estou tão animada quanto pensei que estaria”, ela admitiu. Fiquei intrigado. Na minha época, isso seria motivo de festa, não de apreensão.

A Geração Z, nascida entre 1995 e 2010, parece ter uma visão diferente sobre o que significa sucesso profissional. Uma pesquisa da Robert Walters revelou que 72% desses jovens preferem avançar na carreira sem ter “chefe” estampado no crachá. E não é por falta de ambição ou preguiça. Eles valorizam o autocuidado e acreditam que o estresse não compensa alguns trocados a mais no fim do mês.

Pense bem: quem quer passar os dias resolvendo conflitos de equipe, lidando com metas inalcançáveis e sorrindo em reuniões intermináveis? Como disse Lucy Bisset, diretora da Robert Walters, “ser chefe traz muito mais dor de cabeça do que satisfação”. Não é difícil entender por que 36% deles hesitam em assumir posições de liderança devido ao estresse e à pressão envolvidos.

Essa geração busca propósito no que faz. Não se contenta com títulos pomposos ou estabilidade financeira se isso significar sacrificar a saúde mental e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Burocracia e gestão de pessoas? Só se fizer sentido e agregar valor real, não apenas status.

Muitos optam por ser seus próprios chefes, mas não espere que todos queiram construir impérios corporativos. Para eles, a autonomia é o que importa. Seja empreendendo, seja criando conteúdo nas redes sociais, a ideia é trabalhar de forma que se alinhe com seus valores e estilo de vida.

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E as empresas, onde ficam nessa história? Em vez de lamentar a “falta de ambição” dessa geração, talvez seja hora de repensar modelos de liderança. Flexibilidade, valorização da saúde mental e estruturas mais colaborativas podem ser a chave para engajar esses talentos. Transformar a gestão em um processo de cooperação, e não apenas de comando, pode fazer toda a diferença.

No fim das contas, o mundo do trabalho está em constante transformação, e a geração Z está mostrando que é possível trilhar caminhos diferentes rumo ao sucesso. Como diria aquele famoso meme da internet: “Só vai se for sem estresse!”

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