A hora da diversidade
B3 lança guia com orientações, dados e conceitos que mostram por que a preocupação com a presença de minorias deve ser de todas as empresas

Como ser mais lucrativo, eficiente e ter uma equipe mais motivada e criativa na hora de pensar em soluções para os desafios do dia a dia? Se você é um profissional contratado de alguma empresa ou dono de algum negócio, certamente deve ter se deparado com alguns destes desafios em algum momento da carreira. É óbvio que não existe uma solução mágica para estes desafios, que permeiam diferentes ramos. Nos últimos tempos, porém, uma agenda específica tem ganhado destaque e merece a atenção de todos os profissionais e empresas que querem, de alguma forma, se manterem relevantes e atualizados: a da diversidade e inclusão.
Para além dos discursos simplistas e das retóricas que podem soar como propaganda enganosa, sobram pesquisas e dados sobre o verdadeiro impacto de se implementar uma cultura que reflita a complexa e diversa estrutura social do nosso país. Sim, estamos falando de pretos e pretas, pardos e indígenas, população LGBTQIA+, pessoas com deficiência e pessoas mais velhas. Todos, sem exceção, merecem espaço nas empresas e podem contribuir para torná-las negócios mais rentáveis e eficientes. Quem está falando isso não é este colunista, mas a B3, empresa responsável pela Bolsa de Valores Brasileira e que lançou na semana passada seu Guia de Boas Práticas em Diversidade, Equidade e Inclusão em parceria com a consultoria iO Diversidade e o Instituto Locomotiva.
De acordo com o Guia, empresas com maior diversidade de gênero em suas equipes executivas são 21% mais propensas a lucratividade. As companhias com maior diversidade étnica e cultural também têm probabilidade de lucrar 33% mais, além de terem colaboradores 17% mais engajados. Some-se a isso o fato de que as empresas que associam ações de diversidade com ações de inclusão tendem a ter menos conflitos internos, reter mais talentos e criar um ambiente favorável ao desenvolvimento de criatividade e inovação. Tudo isso sem contar, ainda, os ganhos intangíveis, como fortalecimento de cultura e propósito dentro do ambiente de trabalho, além de permitir aos colaboradores atuar com contraditório e a pluralidade de ideias, que ajudam a pensar em soluções e iniciativas mais criativas.
É claro que a tarefa está longe de ser simples, e como o próprio guia deixa claro, não existe “receita de bolo” para implementar, de fato, um ambiente com mais respeito e diversidade nas empresas. Em primeiro lugar porque cada companhia tem sua realidade própria e suas limitações que precisam ser levadas em conta. Além disso, mais importante do que buscar uma fórmula ou solução, é compreender os processos históricos e sociais que levaram tantos segmentos da população a serem marginalizados ou mesmo subvalorizados no ambiente corporativo. Somente a partir dessa compreensão e que se pode mudar alguns valores que levaram anos para serem consolidados no ambiente de trabalho.
Estamos falando de valores e conceitos que perpassam de piadas de mau gosto no ambiente de trabalho a critérios de seleção para vagas e mesmo promoção. Sim, valorizar na seleção de vagas somente profissionais de faculdades de ponta tradicionais contribui para um ambiente menos diverso e a perpetuação de desigualdades. E o motivo para isso é simples. Qualquer um que já prestou vestibular ou se arriscou em um processo seletivo no mercado de trabalho sabe que, historicamente, as camadas da população de melhor renda e com acesso a melhores recursos culturais e educação é que acessam essas faculdades. Mais que isso, são essas camadas que frequentam os círculos sociais que, tradicionalmente, abrem portas para as melhores vagas de trabalho.
Não, ninguém está falando que é proibido ou errado contratar um profissional de uma faculdade de ponta, que certamente contribui para o crescimento de uma empresa. Mas variar essa contratação e passar a valorizar também diferentes habilidades, como as chamadas softskills de moradores de favelas que são tradicionalmente mais acostumados com trabalho em grupo, por exemplo, pode agregar, e muito, na equipe de trabalho. É com esta e outras discussões que o guia lançado pela B3 se propõe a ser uma ferramenta para todos e todas que querem se manter relevantes no mercado de trabalho do século XXI a partir de práticas e estratégias para repensar alguns valores e práticas e implementar um ambiente de trabalho melhor para todos.
Se os números não foram suficientes para convencer, caro leitor, basta pensar que a empresa que representa a essência do capitalismo brasileiro e seus valores dedicou tempo e dinheiro para elaborar um documento que aborda a importância de lidar com os diferentes grupos sociais, sobretudo os historicamente excluídos. Isso não é pouca coisa e, no mínimo, merece um tempo de sua leitura. Confira aqui como o desafio da diversidade pode ser enfrentado, você só tem a ganhar.
Acesse aqui o guia de boas práticas da iO Diversidade