A favela como oportunidade
Mercado precisa investir no potencial econômico e criativo das periferias
Acontece nesta semana, em São Paulo, a primeira edição da Expo Favela. O objetivo do evento é reunir dezenas de empreendedores das periferias brasileiras com grandes investidores, promovendo debates, workshops, mentorias e rodadas de negociação. O Expo Favela é uma oportunidade de colocar gente criativa em contato com o know-how de quem já está no mercado e com os recursos que podem financiar suas ideias inovadoras.
Mas o que leva alguns dos principais CEOs do país a passarem o feriado de Páscoa debatendo com e sobre a favela? Basta olhar alguns números para começar a entender: o Brasil tem cerca de 13 mil favelas, que abrigam mais de 17 milhões de pessoas. Se formassem um estado, seriam o 4º mais populoso do país.
Esse contingente também é particularmente jovem: mais de 60% dele tem até 34 anos. Por fim, há que se notar o poder econômico da favela, que consome anualmente cerca de R$ 124 bilhões. Celso Athayde, CEO da Favela Holding e organizador do Expo Favela, está coberto de razão quando afirma que a favela não deve ser vista como carência, mas como potência.
As periferias brasileiras são gigantescos mercados consumidores, são nossas maiores incubadoras de talentos, são focos de empreendedorismo, são o nascedouro de manifestações artísticas e culturais que ganham o mundo – tudo isso junto e misturado. O Brasil é movido, em grande medida, pela força da favela e já passou da hora de a encararmos como um local de oportunidades, não (apenas) de miséria.
Um acontecimento como a Expo Favela mostra que os agentes do mercado estão, enfim, captando essas ideias e construindo uma nova percepção a respeito desses territórios. Melhor para eles: se os números não mentem – o que vamos mostrar com a divulgação no evento de uma pesquisa do Data Favela – virar as costas para a favela, além de socialmente irresponsável, equivale hoje a perder um grande negócio.