“Não importa sua idade, você terá de se reinventar”, alerta Martha Gabriel
A pesquisadora defende que o sucesso profissional vai depender mais do foco nas habilidades do futuro que nas profissões que estão para surgir
A gente vem se preparando para o futuro com uma abordagem que talvez não seja a ideal. Leia-se, seguindo o modelo tradicional de escolher uma profissão — afinal, ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais. E se, em vez disso, o olhar se concentrasse em competências e aptidões fundamentais? Essa é uma das perspectivas propostas pela pesquisadora e futurista Martha Gabriel, que lança neste mês o livro Habilidades do Futuro.
Enquanto se prepara para uma mesa sobre o tema no evento Geração Senac, que acontece em São Paulo no próximo fim de semana (veja infos no fim deste texto), a escritora conversou com a coluna.
VEJA: Como as pessoas de gerações anteriores podem lidar com a sensação de “meu tempo passou” que surge com as novas gerações?
Martha Gabriel: Todas as gerações estão com medo do futuro, vivendo uma incerteza muito forte. Se alguém falar que sabe quais serão as profissões, está mentindo. A gente sabe num intervalo próximo, de dois a três anos, não mais que isso.
VEJA: Esse medo que atravessa todas as gerações é um cenário inédito, não?
Martha: Acho que para a humanidade inteira. Momentos anteriores, como o da Revolução Industrial, eram seguidos de períodos grandes de calmaria em que paradigmas e regras mudavam menos. Então cada um sentia preocupações relacionadas à própria trajetória, não ao contexto em que se vivia.
VEJA: De que maneira contornar esse medo?
Martha: O melhor antídoto é o conhecimento, porque o medo surge da incerteza, nasce do que não se sabe. Quanto ao trabalho, a gente tem que começar a pensar não em profissões, mas em habilidades que, se você desenvolver, consegue enxergar o que está mudando e se adequar.
VEJA: Que habilidades são essas?
Martha: Analisei muitas pesquisas, relatórios e estudos para tentar encontrar isso. Existe um consenso em torno de habilidades que permitem estruturar todas as outras. A começar pelo pensamento crítico, que influencia tudo o que a gente enxerga e tem impacto direto nas decisões — boas ou ruins. É a habilidade zero, a fundamental, que dialoga com várias outras.
VEJA: Com quais, por exemplo?
Martha: Criatividade, agilidade e flexibilidade também serão cada vez mais importantes, assim como conseguir trabalhar em colaboração. Além da resiliência, que é um problema para algumas gerações. Em função do contexto em que foram criadas, há gerações menos resilientes. Se você me permitir, é importante fazer uma ressalva do pensamento crítico: para desenvolvê-lo, é preciso investir em educação.
VEJA: Uma reformulação de currículos para a geração Alpha [nascidos a partir de 2010]?
Martha: A educação para a geração Alpha tem que se fundamentar em diferenciais humanos. Então, empatia, ética, filosofia… E, mesmo eles, a se reinventar. Não importa sua idade, você vai ter que se reinventar.
Serviço:
Geração Senac – 1ª Mostra Senac de Inovação em Educação Profissional
Quando: 23 e 24 de maio de 2025, das 8h às 18h
Mais informações e inscrições: www.sp.senac.br/geracao-senac
O evento é presencial, mas parte da programação também será transmitida ao vivo pelo YouTube do Senac São Paulo.
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