Como evitar que seu rosto seja usado em fraudes
Golpes usando biometria não param de crescer, então todo cuidado é pouco. Aqui, uma especialista em segurança dá dicas para não ser a próxima vítima

Não faltam estatísticas assustadoras quando se trata de fraude no Brasil — afinal a tecnologia que serve para melhorar a vida da gente, infelizmente também pode ser usada para dar prejuízo. E, como sabe qualquer adulto, não falta malandro tentando arrancar o dinheiro que tanto suamos para conquistar.
Só em janeiro de 2025, foram registradas 1,24 milhão de tentativas de fraude, um salto de 41,6% em relação ao ano anterior, segundo a Serasa Experian. Isso equivale a uma tentativa de golpe a cada 2,2 segundos. Nesse cenário, o rosto virou alvo central: a biometria facial, antes símbolo de segurança, agora é explorada por criminosos em golpes cada vez mais engenhosos.
Segundo Gabriela Dias, diretora sênior de produtos e segurança da idtech Unico, “existem fraudes sofisticadas, que tentam burlar plataformas tecnológicas, mas a engenharia social é ainda mais eficaz porque explora a confiança natural das pessoas”. Ou seja: o golpe está aí, cai quem não questiona.
A partir da conversa com a especialista, elaborei dicas para blindar seu rosto — e sua conta bancária — sem precisar virar ermitão digital.
Questione sempre, desconfie de tudo: “O brasileiro tem um péssimo hábito de entregar qualquer informação que alguém peça”, alerta Gabriela. Melhor pecar pelo excesso de zelo e perguntar tudo que puder. Fraudador geralmente foge de quem questiona.
Não caia em histórias de “entregador”, “agente de saúde” ou “recenseador” pedindo selfie: Esses personagens não precisam da sua biometria. Se mudarem o roteiro e pedirem foto, pode desconfiar.
Validação biométrica só no seu aparelho: Se alguém que se diz ser um dos profissionais acima pedir para tirar sua foto em outro celular, recuse. “Plataformas legítimas pedem reconhecimento facial no app do cliente, nunca no aparelho de terceiros.”

Redes sociais estão liberadas, mas com alguns cuidados: Não precisa deletar as fotos e sumir das mídias digitais, , mas evite postar localização em tempo real. O perigo não é a selfie, mas como você responde a pedidos de dados.
Desconfie de mudanças repentinas em serviços: Se o app ou entregador que sempre pediu código agora pede sua foto, ligue o alerta vermelho. Mudou o protocolo? Questione antes de sair sorrindo para a câmera.

Proteja os idosos da família: Oriente-os para telefonar para algum parente sempre que houver pedidos de dinheiro. E para não confiar só em áudio ou texto, porque até a voz pode ser fake. “Sempre opte pelo modelo síncrono: ligue para a pessoa”.
Suspeitou de fraude? Aja rápido: Entre em contato com bancos e plataformas pelos canais oficiais. Trate seu rosto como a chave da sua casa: não entregue para qualquer um.
No fim, a melhor defesa não é capa de invisibilidade, mas informação e um saudável toque de desconfiança. “O questionador tem uma chance maior de prevenir a fraude, porque vira uma vítima menos interessante para o golpista.”