Saiba tudo sobre a chegada da chinesa Leapmotor ao Brasil
Startup que hoje integra o portfólio da Stellantis, a Leapmotor tem produção verticalizada e portfólio amplo de modelos elétricos

Em 2020, apenas 1,6% do mercado brasileiro de automóveis era composto por modelos eletrificados. Quatro anos depois, a fatia aumentou para 7,4%. O crescimento acelerado está ligado principalmente à chegada de montadoras chinesas ao Brasil, com modelos mais acessíveis, e à popularização da motorização híbrida.A projeção é que o mercado de eletrificados alcance a marca de 60% do mercado até 2030 – levando em conta de híbridos leves a elétricos completos.
É justamente nessa mudança que a Stellantis, gigante dona de Fiat, Jeep, Ram, Peugeot e outras marcas, está apostando ao trazer a chinesa Leapmotor ao Brasil. Fundada em 2015, começou a se destacar rapidamente na China por conta da verticalização de sua produção e pelas tecnologias proprietárias. Em 2023, a Stellantis investiu na empresa, e em 2024 criaram uma joint venture. A Stellantis passou a deter os direitos de comercialização dos veículos fora da China, e no mesmo ano a Leapmotor entrou no mercado europeu.
Agora, chega ao Brasil no segundo semestre de 2025. A data exata será anunciada em breve. Até o final deste ano, a marca terá 34 concessionárias no país, sendo algumas exclusivas e outras em um modelo compartilhado com outras marcas do grupo, como Fiat, Jeep e Peugeot. “Será a única chinesa com mais de 50 anos de mercado”, diz Fernando Varella, vice-presidente da marca Leapmotor para a América Latina, referindo-se à experiência do grupo no mercado brasileiro.
Dois modelos estão confirmados, ambos SUVs: o C10 e o B10. O C10 será o topo de gama, com porte maior, voltado para famílias, e acabamento premium. E o B10, de médio porte, será focado no público jovem. Sabe-se que o B10 será exclusivamente elétrico. Na China, é vendido com duas opções de bateria, uma com 380 km e outra com 460 km de autonomia – no ciclo chinês, que é menos rígido que o brasileiro.
O C10 pode vir tanto completamente elétrico quanto elétrico com autonomia estendida. Trata-se da tecnologia REEV, que tem um motor à combustão usado exclusivamente para gerar energia para a bateria. Assim, a autonomia do modelo pode alcançar até 974 km. É uma das tecnologias próprias da Leapmotor que fazem mais sentido em mercados como o brasileiro, em que a infraestrutura de carregamento ainda é menos desenvolvida.
Em ambos os casos, as versões definitivas que serão vendidas no Brasil devem ser anunciadas posteriormente. Os números devem ser ligeiramente diferentes do mercado chinês, já que a Stellantis está fazendo uma calibração dos veículos, ajustando hardware, suspensão, amortecedores, direção e outros elementos.
A estratégia, segundo Varella, é tazer outros dois carros até 2027. No total, o portfólio brasileiro terá quatro veículos no primeiro momento de operação, sendo três SUVs e um outro modelo. Na China, além de uma ampla gama de SUVs, a marca tem o simpático compacto T03, que havia sido cogitado para o país, e os sedãs C01 e o B01 – este último apresentado no Salão de Xangai.
Segundo Zhu Jiangming, fundador da Leapmotor, o posicionamento de preço será mais elevado, focado no consumidor de maior poder aquisitivo, que ele vê como um “early adopter”, ou seja, um dos pioneiros a apostar em um tipo de veículo ainda menos popular no Brasil. Os valores exatos do C10e e do B10, no entanto, serão divulgados futuramente.
Além do Brasil, os carros da Leapmotors serão comercializados no Chile, mercado estratégico para a expansão da marca na América Latina. Por lá, a frota de veículos eletrificados é bem menor, com apenas 3,3% de participação. Segundo Varella, a meta é ampliar a presença em outros países.
Os carros serão importados da China e a meta da Leapmotor é encerrar o ano com um total global de 600 mil unidades comercializadas. No ano passado, a empresa superou a marca de 300 mil emplacamentos.
*O jornalista viajou a Xangai a convite da Leapmotor e da GWM.