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Pé na estrada

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Importados no Brasil: os bastidores da chegada da BMW em livro inédito

"O primeiro carro importa", de Reginaldo Regino, apresenta um saboroso retrato do setor automotivo brasileiro nos anos 1990 e da chegada dos importados

Por André Sollitto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 24 jun 2025, 17h45

A capa do jornal O Estado de S. Paulo do dia 6 de junho de 1990 estampava em destaque uma imagem do BMW 520i, sedã alemão que havia acabado de desembarcar no país. “O primeiro automóvel importado pelo Brasil desde 1976 chegou ontem a São Paulo”, diz a legenda. Foi um momento fundamental do setor automotivo nacional, mas especialmente para a carreira de Reginaldo Regino, empresário que se tornou pioneiro na importação de carros ao país. Essa saga é o tema central do livro “O primeiro carro importa – Como revolucionei o mercado de importação de automóveis no Brasil” (Ed. Matrix, 120 págs., R$ 39,90), que acaba de ser lançado nas livrarias.

O pequeno e divertido volume conta a história de Regino, filho de um empresário do ramo de bebidas que decide apostar no então inexistente negócio de importações de veículos. Por anos, quando a Ditadura proibiu a entrada de carros estrangeiros, os únicos que podiam dirigir veículos de algumas marcas eram embaixadores. Montadoras como a BMW eram praticamente desconhecidas, e os consumidores tinham acesso apenas aos modelos produzidos localmente – muitas vezes com tecnologia mais simples que em outros mercados.

Reginaldo Regino
Reginaldo Regino, autor do livro e responsável pela importação da BMW (Ed Matrix/Divulgação)

Regino quis contar essa história pouco conhecida, mas fundamental do mercado brasileiro. “A imprensa falou muito do carro na época, nos anos 1990″, conta ele, em entrevista ao Pé na Estrada. “Mas não da história, dos bastidores. Essa parte pouca gente conhece”, diz. 

O processo de importação é revelado em detalhes, desde as primeiras negociações com a BMW até a escolha dos modelos que seriam comercializados, as inovadoras estratégias de marketing para divulgar a marca alemã e gerar o desejo de consumo. É uma verdadeira aula de engenhosidade. Há muitos relatos saborosos, como quando um modelo da marca começou a dar problemas no Brasil e os técnicos alemães quebraram a cabeça para resolver a questão. Demoraram, mas descobriram que o problema era o combustível nacional. Enquanto isso, Regino e sua equipe lutavam para substituir os motores por outros, vindos da Alemanha, de forma rápida para evitar um recall. O plano deu certo e tanto a montadora quanto a importadora ficaram livres da polêmica.

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É uma leitura indicada a todos aqueles que têm curiosidade em conhecer melhor o nosso mercado, claro. Mas mais do que falar apenas dos trâmites envolvendo a importação, “O primeiro carro importa” é um interessante retrato do momento em que o Brasil abriu as portas para o mundo – e como esse processo não foi totalmente livre de dificuldades. É interessante acompanhar o desenvolvimento da cidade de São Paulo, as curiosidades do jet set e como as decisões políticas e econômicas impactaram os negócios que eram feitos por aqui. “A gente sabe algumas histórias, como os episódios em que sumiam com as pessoas – caso mostrado no filme Ainda Estou Aqui“, diz o autor. “Mas e o quanto isso atrasou o Brasil econômica e tecnologicamente? Isso muita gente não sabe”. 

capa livro carro importa
Capa do livro “O primeiro carro importa” (Ed. Matrix/Divulgação)

O momento em que o livro chega ao mercado também é oportuno. A chegada de tantas marcas chinesas tem movimentado o setor. Parte dos consumidores mostra empolgação, enquanto parte mostra desconfiança. As próprias montadoras com presença nacional tentam equilibrar as contas para fazer frente às agressivas políticas de preço. É inegável que a transformação está acontecendo – como aconteceu em meados dos anos 1990 quando BMW, Ferrari, Bentley e outros veículos de luxo começaram a rodar pelas ruas de São Paulo e Rio de Janeiro. “Escrevi o livro para mostrar para as gerações mais novas que não basta apenas sentar na frente do computador e esperar que assim todos os problemas serão resolvidos”, diz Regino. “A inteligência artificial não vai substituir a interação humana. Tem coisas que só são resolvidas ao vivo e a cores”. São lições de outros tempos, mas ainda muito valiosas até hoje.

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