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Pé na estrada

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De São Paulo a Itu: primeiras impressões sobre o novo Ford Territory

SUV médio foi totalmente repaginado para oferecer maior espaço interno e conforto ao dirigir; teste na estrada mostra bons ajustes

Por André Sollitto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 Maio 2024, 22h32 - Publicado em 28 ago 2023, 10h55

Os tempos em que a cidade de Itu era conhecida principalmente por seus objetos em tamanho gigante, como o orelhão e o semáforo, ficaram para trás. A região, próxima da capital, tem se tornado um destino de luxo, com empreendimentos corporativos, outlets de marcas famosas, aeroporto com foco em aviação executiva e grandes resorts. É o caso do Terras de São José Golf Club, que tem um campo de golfe de 18 buracos com clínicas para quem nunca praticou o esporte. O local foi escolhido pela Ford como o destino do primeiro test drive de seu novo Territory, SUV médio que deve brigar com os líderes da categoria.

A escolha dialoga com o público que a montadora pretende atingir com o lançamento. Trata-se de um perfil menos aventureiro, que busca espaço e conforto em um carro, mais do que performance ou capacidade off-road. Será o carro mais barato da Ford no Brasil, vendido a R$ 209.990, 10 mil a menos que a geração anterior, mas ainda dentro da estratégia de atingir um público com mais recursos. Ao olhar para o portfólio atual da empresa, vê-se um foco claro em picapes, com Ranger, Maverick, incluindo uma versão híbrida, e F150, um SUV “raiz”, o Bronco, e o esportivo Mustang. O Territory vem preencher esse espaço de SUV urbano, espaçoso, para a família.

O novo Territory é uma repaginação completa do modelo que foi lançado originalmente em 2020. O visual mudou bastante, com a grade da Ford facilitando o reconhecimento imediato, mas com inovações na traseira, nas linhas laterais e no capô que indicam uma esportividade “musculosa”. Ficou bonito, mas não tem a mesma personalidade de um Bronco, por exemplo. Desenvolvido em parceria com os chineses da JMC, ele foi adaptado ao nosso mercado, com ajustes na suspensão, nos modos de condução e na sensação de dirigir.

Cabine do novo Territory é espaçosa, com design minimalista e bom acabamento -
Cabine do novo Territory é espaçosa, com design minimalista e bom acabamento – (Ford/Divulgação)

De cara, o que chama a atenção é o design da cabine, com linhas minimalistas, bom acabamento e uma sensação de modernidade. O quadro de instrumentos, totalmente digital, é integrado à central multimídia em uma moldura única, o que dá continuidade. O console central é elevado, mais esportivo, com seletor de marchas giratório. Há um teto solar panorâmico que pode ser aberto até a metade, e um espaço para objetos sob o console de dois andares, algo visto em muitos modelos chineses. É prático e funcional. Os bancos da frente tem regulagem elétrica de altura e profundidade (10 posições para o motorista e 4 para o passageiro), embora a sensação de dirigir seja sempre bastante elevada. Quem vai atrás não tem do que reclamar. Além do amplo espaço para cabeça, com o banco do motorista regulado para uma pessoa de cerca de 1,70m, o ocupante da segunda fileira tem quase três palmos de distância entre os joelhos e o banco da frente.

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O tamanho do carro explica esse maior espaço interno. São 4,63 metros de comprimento, 2,72 m. de entre-eixos, 1,70 m. de altura e 1,93 m. de largura. Em alguns aspectos, é maior que um Jeep Compass e um Jeep Commander, os principais concorrentes que o Territory vai tentar bater. Segundo Rogelio Golfarb, vice-presidente da Ford na América do Sul, o novo SUV é voltado para quem quer o espaço de um Commander, mas não precisa de sete lugares. O porta-malas também ficou maior que a geração anterior, com 448 litros. E houve uma preocupação em melhorar alguns aspectos de comodidade, como a posição para entrar no veículo e a decisão de deixar o chão da segunda fileira totalmente plano, o que facilita a vida do ocupante do meio.

O comboio saiu de São Paulo com destino a Itu para que a imprensa pudesse ter uma ideia de como o SUV se comporta nas estradas. E a opção pela Castello Branco faz sentido. Afinal, é uma das rodovias do Estado. De cara, as impressões são boas. Mas fica a vontade de ver como o SUV se comporta em situações menos “corretas”, com mais imperfeições no solo.

Porta-malas está maior que a geração anterior, e espaço a bordo é generoso inclusive para os ocupantes da segunda fileira -
Porta-malas está maior que a geração anterior, e espaço a bordo é generoso inclusive para os ocupantes da segunda fileira – (André Sollitto/Divulgação)

A vida a bordo é confortável. O isolamento acústico é muito bom, e fica ainda mais perceptível quando o teto solar é aberto. Quando o barulho do vento entra na cabine, percebemos como o ambiente estava silencioso antes. A direção elétrica é leve, mas não adaptativa, o que significa que mesmo em altas velocidades ela continua mais “mole”. Há quem prefira esse estilo, mas uma direção um pouco mais rígida nas estradas passa maior sensação de segurança. O carro ainda tem quatro modos de condução: normal, eco (que prioriza a economia de combustível), sport e serras/colinas. A troca é feita pela central multimídia, de forma confusa. Se o Android Auto ou o Apple Car Play estiverem conectados (e provavelmente estarão, já que a conexão é sem fio e há carregador por indução), é preciso sair do app e voltar ao painel original do carro.

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O conjunto do motor EcoBoost 1.5 (com 169 cv e 250 Nm) e a transmissão de dupla embreagem de sete marchas funcionam muito bem. As trocas de marchas são suaves, imperceptíveis, e as respostas são rápidas. As retomadas são responsivas, principalmente considerando o peso do carro (1.7 tonelada), e a experiência toda de condução é bastante prazerosa. O pacote da versão Titanium, topo de linha, a única disponível do Brasil, ainda inclui alerta de mudança de faixa, frenagem de emergência, piloto automático adaptativo.

Na chegada ao destino, estacionar em uma vaga é um processo simples, já que o modelo tem sensores e câmeras que oferecem uma visão completa, aérea (a chamada bird’s eye view), do próprio carro e dos arredores. É um recurso presente em vários modelos mais caros que facilita muito a vida no dia a dia. Dessa vez, não testamos o campo de golfe. Mas a bordo do Territory ou de qualquer outro veículo, o Terras de São José Golf Club é uma opção interessante para quem tem curiosidade em aprender o esporte ou já é veterano. Para os iniciantes, as aulas de 30 minutos custam R$ 140. É preciso ainda alugar os tacos (R$ 155) e os carrinhos de puxar (R$ 60). O aluguel do gold cart é mais R$ 240, no caso da partida completa, de 18 buracos, ou R$ 155, no caso de nove buracos. Por fim, há ainda a green fee, o valor cobrado pelo uso do campo. Durante a semana, o pacote completo é R$ 265 (ou R$ 155, para nove buracos). Nos finais de semana, a partir das 6h40, o preço sobre para R$ 520 (ou R$ 275, no caso da meia partida). Após as 12h, o preço é igual ao do resto da semana. Não é exatamente um passeio barato, mas o campo foi eleito pela revista Golf Digest como um dos dez melhores do país.

Campo da Terras de São José Golf Club foi eleito um dos dez melhores do Brasil -
Campo da Terras de São José Golf Club foi eleito um dos dez melhores do Brasil – (Divulgação/Divulgação)

O salto do novo Territory em relação ao modelo anterior é enorme. E ainda mais surpreendente considerando que o original foi lançado há apenas três anos. É uma característica do mercado chinês, muito mais ágil nas mudanças. Ele está mais moderno, mais tecnológico e espaçoso, e com um valor muito competitivo nesse segmento dos SUVs médios. O grande desafio, agora, é bater concorrentes bastante estabelecidos no mercado brasileiro, como a Jeep, com o Compass e o Commander, e a Volkswagen, com o Taos. E também os chineses, tanto os mais conhecidos, como a Caoa Chery, quanto os novatos, como a GWM, que vem fazendo bastante barulho com seu Haval H6. O preço, com certeza, terá um papel importante nessa estratégia. Mas a impressão inicial desse novo modelo foi bastante positiva.

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