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Política, negócios, urbanismo e outros temas e personagens paranaenses. Por Guilherme Voitch, de Curitiba

A capital da Lava Jato quer ser modelo de democracia

Iniciativa do Instituto Atuação quer mensurar e aperfeiçoar a democracia em Curitiba, seguindo o modelo da revista britânica 'The Economist'

Por Guilherme Voitch Atualizado em 12 mar 2018, 19h22 - Publicado em 12 mar 2018, 18h13

O objetivo é ousado: tornar Curitiba, a capital da Lava Jato, um modelo mundial de democracia e participação política. Os responsáveis pela ideia, porém, não são promotores, juízes ou políticos. São treze jovens, com idade entre 25 e 30 anos, de diferentes formações, que militam no Instituto Atuação, ONG criada em 2010 para desenvolver conceitos de democracia e participação política.

O projeto em Curitiba chama-se Cidade Modelo e é a aposta do Atuação para iniciar uma mudança, gradual e focada, na cultura democrática. “Acreditamos que, antes de falar em mudança nacional, precisamos trabalhar por uma mudança local. É mais lógico e possível de ser feito. Por isso resolvemos focar nossos esforços na cidade”, explica Jamil Assis, engenheiro de produção de 26 anos que se tornou coordenador do Cidade Modelo no Atuação.

O projeto está em sua primeira etapa: o diagnóstico. “Antes de sugerirmos qualquer medida, precisávamos ter um retrato claro da democracia na cidade”, diz Assis. Para quantificar a democracia na capital paranaense, o Atuação seguiu a metodologia do Índice de Democracia, estudo elaborado anualmente pela revista The Economist, que se concentra em cinco indicadores (processo eleitoral e pluralismo, liberdades civis, funcionamento do governo, participação política e cultura política) para mensurar quão democrático é um país.

Ainda que seja uma referência internacional na análise política, o Índice de Democracia foi pensado para países, e não para cidades. “Tivemos de fazer uma grande adaptação com seu auxílio (a The Economist Intelligence Unit, braço da revista responsável pela área de pesquisas, tornou-se parceira do Atuação) e de outros apoiadores”, explica Assis.
Entre eles, estão universidades, acadêmicos, como o professor americano Michael Coppedge, da Universidade de Notre Dame, e entidades que trabalham com estudos de democracia e política, como a Freedom House e a Latinobarómetro.

Diagnóstico

A primeira fase, que inclui coleta de informações oficiais e pesquisas de campo, com cerca de 900 entrevistados, já foi finalizada. Algumas complementações estão sendo feitas, e o resultado será divulgado em junho. Segundo Assis, a pesquisa é única. “Não conhecemos nenhum trabalho que meça democracia em nível municipal dessa maneira. É uma coisa inédita”, comemora.

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Com o resultado em mãos, o Atuação pretende unir sociedade civil e poder público para debater os resultados e pensar soluções. Indagado sobre quais seriam os caminhos para tornar Curitiba uma cidade mais democrática, Assis evita falar em fórmulas prontas. “A ideia é diagnosticar cada região da cidade e procurar atores que já trabalhem nessas localidades, unir esses diferentes atores e construir canais de confiança entre eles. Não acreditamos em nada que venha de cima para baixo”, diz.

Organização

O envolvimento e a organização da sociedade em suas estruturas mais básicas são um mantra para o Atuação. “Acreditamos que desenvolver as redes formadas no interior da sociedade é desenvolver a democracia”, diz Assis, que pontifica: “Indivíduos organizados em comunidades, como associações de bairro, de pais e mestres, entre outras, passam a se preocupar mais e respeitar mais o outro, com o que é do outro e com o que é público”.

Não por acaso, o Atuação nasceu, em 2010, como reação a um escândalo milionário de corrupção dentro da Assembleia Legislativa do Paraná. O caso que ficou conhecido como Diários Secretos envolvia a contratação de centenas de funcionários-fantasmas, desvio de dinheiro e ocultação dos Diários Oficiais do Legislativo.

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Diferentemente da Lava Jato, no entanto, aqueles apontados como responsáveis pelo esquema não foram punidos.
“Desde o começo entendemos que o caso dos Diários Secretos e tantos outros de corrupção estavam ligados à falta de participação política e democrática do brasileiro. Isso ficou claro ao analisar o ranking da The Economist, no qual o Brasil ocupa sempre posições intermediárias. Começando por Curitiba, queremos mudar essa realidade.”

 

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