O que o trágico fim do quinto beatle revela sobre racismo e homofobia
Billy Preston, que gravou piano e órgão em 'Let It Be' vai ganhar documentário contando sua vida
A gravação do álbum Let It Be, dos Beatles, foi caótica, como Peter Jackson mostrou no documentário Get Back (Disney +). Paul McCartney havia se transformado em um pequeno tirano. George Harrison saiu da banda (e voltou alguns dias depois). John Lennon estava em outra dimensão com Yoko Ono. Já Ringo seguia apenas o fluxo. Quando tudo parecia perdido, a banda sacou da cartola o exímio pianista Billy Preston, que entrou no meio das gravações e mudou completamente a dinâmica do grupo. Ao tocar piano e órgão com uma pegada blueseira, ele transformou canções aparentemente banais em clássicos instantâneos, como Get Back, Dig A Pony, I’ve Got A Feeling e One After 909.
No mesmo ano, Preston foi contratado pela Apple Records e gravou um disco pela gravadora dos Beatles. A carreira do músico estava a um passo de explodir, mas alguma coisa deu errado no meio do caminho. É o que mostrará o documentário Billy Preston: That’s the Way God Planned It, que estreará em dezembro nos Estados Unidos, ainda sem previsão de vir para o Brasil.
Um dos poucos artistas no mundo que pode ostentar – com razão – a alcunha de quinto beatle – Preston era um prodígio autoditada, que cresceu tocando órgão em uma igreja de Los Angeles e, ainda na adolescência, já viajava com Little Richards em sua turnê europeia. Após os Beatles, Preston foi contratado para tocar com Sam Cooke, Ray Charles, os Rolling Stones, Aretha Franklin, Barbara Streisand e Elton John. O artista, no entanto, lutou contra o vício, foi preso e morreu aos 59 anos, em 2006.
Gay e negro, Preston cresceu em um ambiente altamente preconceituoso e discriminatório. Durante toda a vida, lutou para conciliar a homossexualidade (que escondia de todos) com o cristianismo. Com o sucesso, Preston se viciou em cocaína, álcool e, mais tarde, crack. A prisão nos anos 1990 foi apenas a gota d’água.