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Gaga, Céline Dion e mais: os shows da abertura olímpica, do melhor ao pior

De apresentações de tirar o fôlego até versões batidas e momentos sem brilho, a aguardada cerimônia teve qualidade vacilante

Por Thiago Gelli Atualizado em 26 jul 2024, 18h46 - Publicado em 26 jul 2024, 18h40

Ao longo de quase toda a tarde desta sexta-feira, 26 de julho, milhões de olhos ao redor do globo se voltaram à cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris, celebrada sobre as águas do Rio Sena e sob as nuvens carregadas de chuva da capital francesa. As mais de quatro horas do evento foram preenchidas, por dezenas de dançarinos, filmagens abrangentes da paisagem urbana e segmentos pré-gravados que foram de referências ao jogo Assassin’s Creed (da francesa Ubisof) aos Minions de Meu Malvado Favorito, animados pelo estúdio francês Illumination. Nenhuma atração, contudo, era mais aguardada que os músicos. Confira quais foram os shows apresentados, do melhor ao pior:

1 – Céline Dion
Hymne A L’Amour, de Édith Piaf

Direto da Torre Eiffel, Céline Dion encerrou a noite com uma versão arrebatadora de Hymne A L’Amour, clássico da maior vocalista da história da França, Édith Piaf. Em meio a uma notória batalha contra a Síndrome da Pessoa Rígida, detalhada no documentário Eu Sou: Céline Dion, a franco-canadense se mostrou um exemplo de perseverança emocional e física tão impressionante e comovente quanto os atletas que competirão ao longo das próximas semanas.

2 – Gojira e Marina Viotti
Ah! Ça Ira, canção popular

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Primeira banda de hard rock a se apresentar em um evento olímpico, o grupo francês Gojira está em atividade desde 1996 e é um dos maiores expoentes globais do gênero. Dentro do segmento Liberté, iniciado por uma cena pré-gravada em referência ao musical Os Miseráveis, a banda entoou a canção Ah! Ça Ira, que surgiu como protesto em 1790, plena Revolução Francesa. Mais intenso que qualquer outro número da noite, o momento contou com múltiplas representações da cabeça decapitada de Maria Antonieta, confete sanguinolento e a colaboração da mezzo soprano Marina Viotti.

3 – Aya Nakamura
For Me, Formidable (Charles Aznavour), Pookie e Djadja

Outro emblema político da noite foi a participação da cantora franco-maliana Aya Nakamura, artista francófona mais ouvida do país com folga, mas muito criticada por puristas e xenófobos contrários a sua mescla de ritmos urbanos, seu uso de gírias e sua origem africana. Sobre a Pont des Arts, a cantora misturou dois hits próprios com o clássico de outro francês com ramos internacionais na árvore genealógica, o franco-armênio Charles Aznavour. Imponente e envolta por dançarinos, ela desfilou, cantou e entrou para a história da cerimônia.  

4 – Lady Gaga
Mon Truc en Plumes, de Zizi Jeanmaire

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Uma das escolhas mais curiosas para a ocasião foi a da americana Lady Gaga, que atualmente divulga o futuro lançamento Coringa: Delírio a Dois. Tendo cantado La Vie en Rose em Nasce Uma Estrela, a artista não era estranha à língua, mas tampouco é considerada símbolo nacional. Mesmo assim, foi escolhida como voz para a apresentação de Mon Truc en Plumes e comprovou sua admiração pela cultura do país. Com penas de sobra emprestadas do teatro parisiense Le Lido, ela homenageou a tradição do cabaret com charme e humor. Nas redes, explicou seu histórico com o estilo de dança: “Aposto que não sabiam que eu dançava em uma festa temática da França dos anos 1960 quando ainda estava começando”.

5 – Philippe Katerine
Nu

Após uma homenagem energizante à cena noturna de Paris — com direito à dança vogue, batidas do techno e drag queens de prestígio do país como a apresentadora Nicky Doll —, o cantor e humorista Philippe Katerine encerrou o segmento com chave de ouro ao ser revelado dentro de uma bandeja de frutas. Coberto apenas por tinta azul e roupa íntima, a figura pretendia evocar ao deus Dionísio, do vinho, festas e teatro. A extravagância da imagem a tornou inesquecível, mesmo que breve.

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6 – Alexandre Kantorow
Jeux d’Eau, de Maurice Ravel

Sob a forte chuva que assolou Paris durante a festividade, o pianista Alexandre Kantorow e seu instrumento de madeira resistiram e mantiveram a apresentação de Jeaux d’Eau, composição de 1901 cujo título, ironicamente, pode ser traduzido para “brincadeiras da água”. Considerada primeiro exemplar do impressionismo musical, ela foi uma escolha apropriada para acompanhar a passagem dos barcos sobre o Sena.

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7 – Rim’K
King

O rapper francês Rim’K apostou apenas na própria presença para levar o rap do país à cerimônia. O talento notável, contudo, não foi apoiado pela produção do evento, que encaixou sua apresentação em meio à passagem das delegações com pouca atenção aos detalhes ou distição. Como resultado, o momento pareceu deslocado e perdeu força. 

8 – Juliette Armanet e Sofiane Pamart
Imagine, de John Lennon

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Uma das escolhas mais batidas da noite, por outro lado, foi convocar a vocalista Juliette Armanet e o pianista Sofiane Pamart para uma interpretação de Imagine, de John Lennon. Apesar do talento de ambos, o cover apenas ressaltou como a faixa já está exaurida pelas múltiplas versões que ganhou em tentativas insossas de protesto. Após declarações políticas inspiradas e propriamente francesas como a agressividade do Gojira e o pioneirismo de Aya Nakamura, nem um piano em chamas foi o bastante para tornar este show um ponto de destaque.

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