Empresa dona do Rock in Rio e The Town entra em lista de trabalho escravo
O Ministério do Trabalho incluiu a Rock World na "lista suja" com pessoas e empresas que submetem trabalhadores a situações análogas à escravidão

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), por meio da Secretaria de Inspeção do Trabalho, atualizou neste mês o Cadastro de Empregadores que submeteram pessoas a condições análogas à escravidão, a chamada “lista suja”. Dos 155 empregadores incluídos na lista, está a empresa Rock World, responsável pelo festival Rock in Rio e The Town, e, desde 2024, também do Lollapalooza Brasil.
A informação publicada oficialmente no site do Ministério do Trabalho, revelada pelo portal Repórter Brasil, e confirmada pela reportagem de VEJA, conta também com a inclusão da empresa terceirizada FBC Backstage Eventos, que fez a montagem do festival.
Segundo auditor fiscal do trabalho, Alexandre Lyra, um dos coordenadores da operação, em entrevista ao Repórter Brasil, a fiscalização do MTE verificou em setembro do ano passado que parte dos trabalhadores dobravam a jornada de trabalho na esperança de receber mais, chegando a trabalhar por 21 horas em um único turno, com apenas três horas de descanso. Foram encontrados 14 trabalhadores dormindo em papelões, sacos plásticos ou lonas. Os trabalhadores atuavam como carregadores de grades e equipamentos e faziam a montagem do festival e a limpeza de alguns espaços.
Procurada pela reportagem de VEJA, a Rock World enviou a seguinte nota oficial:
“A Rock World repudia as acusações de trabalho análogo à escravidão e qualquer forma de trabalho que desrespeite a dignidade do trabalhador e a legislação vigente. A empresa ressalta que não existe até o presente momento qualquer fato desabonador de sua conduta que tenha sido comprovado após ser submetido ao devido processo legal.
A Rock World reforça que as supostas irregularidades trabalhistas não foram praticadas pela empresa e que própria fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego identificou que teria sido realizada pela empresa terceirizada FBC Backstage Eventos LTDA.
Como já relatado anteriormente, tão logo a Rock World teve notícia dos fatos envolvendo alguns trabalhadores da empresa Força Bruta (nome fantasia), agiu prontamente, notificou a mesma e tomou as medidas cabíveis, com a participação do Ministério do Trabalho e Emprego, que acompanhou as providências adotadas após a denúncia. A Rock World jamais se furtou a colaborar com as autoridades envolvidas.
A Rock World reforça que todos os trabalhadores nos eventos produzidos pela empresa seguem padrões rigorosos de contratação e que, há mais de 40 anos, preza pela promoção de entretenimento de alta qualidade, gerando um impacto de bilhões de Reais na economia do país e mais de 20 mil empregos diretos e indiretos.”