Em novo disco, Lady Gaga retorna ao pop bagaceira – ainda bem
Cantora lançou 'Mayhem' com um bem-vindo retorno às origens com canções pop perfeitas para dançar até amanhecer

O aguardado novo álbum de Lady Gaga, Mayhem, foi lançado nesta sexta-feira, 7, do jeito que os Little Monsters gostam (maneira como os fãs da cantora são chamados). Trata-se de um bem-vindo retorno da artista multifacetada às canções do início da carreira, daquelas pop para bater cabelo e dançar até amanhecer. Mas dentre todos os hits dançantes, um deles chega com sabor especial para Gaga: Blade of Grass (Folha de Grama, em inglês). A faixa é uma declaração de amor ao seu noivo, o empresário da tecnologia Michael Polansky. O casal está junto desde 2020, mas o noivado só foi oficializado no Festival de Cinema de Veneza, na Itália, em setembro do ano passado, quando a cantora exibiu um milionário anel de noivado. Apesar do valor do anel, Gaga deu mais valor para uma folha de grama, retirada de seu jardim, e enrolada em seu dedo pelo noivo no dia em que ele a pediu em casamento – daí o nome da música. Foi o noivo também que incentivou a artista a voltar ao pop do início da carreira.
Quando foi alçada à fama, em 2009, Gaga teve uma ascensão fulminante. Imediatamente papparazi do mundo todo começaram a persegui-la, o que inspirou, claro, mais canções, aumentando ainda mais seu sucesso. O famoso vestido de carne, por exemplo, era uma alegoria desse furor. Ela surgia ali, como uma comida para ser devorada pelos tabloides. Agora, aos 38 anos, Gaga já consegue transitar de maneira mais ou menos normal entre a fama e a vida privada.
O disco sai após uma temporada nos cinemas, com sucessos como Nasce Uma Estrela e fracassos, como Coringa: Delírio a Dois. No período, Gaga gravou country, standards americanos e jazz. O mais próximo que chegou da bagaceira pop que fez a alegria dos fãs no passado foi Chromatica (2020), um álbum lançado no início da pandemia que soou desconectado do tempo e passou batido sem repercussão. Agora, o momento é diferente. As pessoas voltaram a curtir a vida e querem se acabar nas baladas. E Gaga está pronta para alimentá-las.
Vá lá. Ninguém em sã consciência dirá que Mayhem é uma obra-prima, algo revolucionário capaz de quebrar paradigmas – e nem se trata disso. Mayhem talvez seja o álbum certo para o momento certo. Suas canções, longe de serem espetaculares – elas são meio genéricas, algo mais do mesmo – servem para o que o público está buscando. Talvez, resida aí o sucesso de grandes artistas: a capacidade de entender o zeitgeist e entregar exatamente o que os fãs querem, e nem sempre as pessoas buscam por uma obra-prima.
Gaga inova, sim, nos videoclipes. Disease e Abracadabra, por exemplo, são vídeos que num primeiro momento chocam e deverão ser lembrados por uns bons anos, tal como Bad Romance foi. Depois, no entanto, percebemos que eles têm tudo o que o pop quer: boa música, figurinos criativos, boa fotografia e aquela coregrafia perfeita para bombar nas redes sociais e, principalmente, nas pistas – ou nas areias de Copacabana, quando a cantora, finalmente, aportar por aqui em maio. É, enfim, o puro suco do pop bagaceira e sem vergonha que os fãs amam.