Relâmpago: Digital Completo a partir R$ 5,99
Imagem Blog

O Som e a Fúria

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Pop, rock, jazz, black music ou MPB: tudo o que for notícia no mundo da música está na mira deste blog, para o bem ou para o mal

“É difícil imaginar um mundo sem música”, diz Jim Kerr, do Simple Minds

Banda oitentista fará show único em 4 de maio, em São Paulo, e promete repertório com grande hits

Por Bárbara Bigas 1 Maio 2025, 08h00

Além de consolidar um novo jeito de contar histórias no cinema, O Clube dos Cinco (1985) fez os escoceses do Simple Minds experimentarem naquele ano um sucesso estrondoso com o lançamento da canção Don’t You (Forget About Me). Recusada por Bryan Ferry e Billy Idol, foi na voz e na execução dos jovens roqueiros que a música brilhou como parte da trilha original do filme e também mundo afora, se tornando o maior sucesso do Simple Minds até hoje.

A banda surgiu em 1977, quando o rock estava migrando do punk para abordagens mais criativas e inventivas, tendo nomes como David Bowie e Donna Summer como destaques. O Simple Minds herdou essas características e o uso de sintetizadores, letras românticas e refrões explosivos se tornaram uma marca da banda, hoje comandada por Jim Kerr e Charlie Burchill. 

No dia 4 de maio, eles desembarcam para show único em São Paulo no Espaço Unimed, ansiosos para retornar ao Brasil após 11 anos. Para Jim Kerr, vocalista da banda, os tempos mudaram e música mais ainda, cabendo até um saudosismo ou outro. O rock não é mais o caminho óbvio a se seguir, mas continua sendo aquilo que ele acredita e gosta de fazer, como revelou em entrevista a VEJA. Confira:

Qual é a mágica envolvida nas músicas do Simple Minds? É bom que você use a palavra “mágica”. É um elogio, claro, e certamente toda vez que estamos trabalhando em uma música, toda vez que você faz um disco, há uma expressão que temos em inglês que diz que você está tentando “capturar um raio em uma garrafa”. Você está tentando realmente capturar algo único. Infelizmente, você não consegue. É raro que você realmente consiga capturar. Mas quando você captura, você faz discos que duram muito tempo e que são especiais para as pessoas. Então, eu acho que [a mágica] é quando você ouve algo que não é apenas agradável de ouvir, mas o mais importante é como isso faz você se sentir. Sabe, porque há música em todos os lugares, nós saímos na rua agora mesmo, ouvimos música, você entra em uma loja, você ouve música. É difícil imaginar um mundo sem música. Embora, claro, a melodia seja super importante e a letra, quando ela significa algo para você, mas eu acho que é apenas como ela faz você se sentir, faz você sentir algo ótimo. A magia é quando ela realmente faz você sentir algo particular e é por isso que ela fica com você ou é por isso que você sente que aquela é a sua música ou por isso que você sente que ela é especial.

Continua após a publicidade

Existe uma nostalgia em torno das músicas dos anos 80. O que você acha que faz com que as músicas do Simple Minds ainda sejam lembradas hoje? Bem, há muitas coisas. Quer dizer, obviamente, quando você pensa nas coisas práticas, no fato de que a tecnologia surgiu e agora temos streaming, sites, YouTube e todas essas coisas, as músicas podem viver para sempre agora. As novas gerações podem encontrá-las com muito mais facilidade do que antes, quando você tinha que sentar e esperar até o rádio tocar a música ou talvez entrar em uma loja de discos e eles terem o disco. Hoje tudo está lá para você alcançar a fama, mas isso também significa que a música pode se perder, há muita música. Gosto de pensar que havia muitos discos ótimos feitos naquela época e certas bandas, certos artistas passaram a ser vistos como a banda de uma geração. E eu gosto de pensar que o Simple Minds é uma das principais bandas daquela geração.

Vocês visitam o Brasil desde os anos 80. O que você mais gosta do país? Ainda é muito emocionante ir ao Brasil porque, quando crescemos na Escócia, havia tanta coisa que tinha a ver com o Brasil, além do futebol, é claro. Eu me lembro de quando era criança, na escola e na sala de aula, e fiz um projeto sobre o Brasil, um projeto sobre a selva amazônica. Era muito exótico. Então, para nós, crescer, formar uma banda e ter a chance de vir tocar no Brasil, ir para São Paulo, para o Rio, para Curitiba e para todos os lugares… nós gostamos do espírito latino. Sempre gostamos. Embora estejamos na Europa, na Escócia, tanto Charlie, meu parceiro, quanto eu, amamos a Itália, amamos a Espanha, Portugal. Mas há algo especial no espírito latino. Não conheço ninguém que não esteja ansioso para ir ao Brasil.

O que mais te empolga em retornar ao Brasil em 2025? Já faz muito tempo desde a última vez que estivemos aí. Infelizmente, parte disso foi devido à COVID-19, mas todos com quem estivemos ofereceram uma ótima experiência. Não somente os shows, mas conhecemos pessoas e os promotores com quem trabalhamos foram sempre bons, pessoas boas e amigáveis, e também, quando as coisas parecem novas novamente, você fica ansioso por elas. Mas isso significa que também temos que nos reconectar. Temos que nos restabelecer. Temos que garantir que faremos um show brilhante. Sabe, temos que fazer um show realmente ótimo.

Continua após a publicidade

Depois de tantos anos de carreira e apresentações ao redor do mundo, há alguma música do Simple Minds que ainda te empolga muito quando tocada ao vivo? Todas elas nos empolgam, eu sou um fã do Simple Minds. Posso dizer isso porque adoro o som da banda. É uma banda que soa muito bem, então, assim que cada música começa, fico feliz que seja essa. Isso não quer dizer que eu não tenha algumas músicas favoritas ou que eu prefira do que outras. Mas para trabalhar em uma música, para compor uma música, tem que ter algo nela que você realmente goste, e se dedicar a fazer o melhor trabalho possível com isso.

Você já disse que Direction of The Heart, título do seu último álbum, é sobre seguir seu próprio caminho e que isso representa o que o Simple Minds tem feito ao longo da carreira. Qual é o caminho do Simple Minds na sua opinião? Tivemos muita sorte, pois, desde jovens, sabíamos o que queríamos fazer da vida. Não queria dizer que isso aconteceria, não queria dizer que não haveria decepções ou que seria apenas um sonho que não se tornaria realidade. Graças a Deus, se tornou realidade, mas pelo menos sabíamos o que queríamos fazer. E muitas pessoas, infelizmente, não sabem exatamente o que querem fazer da vida, e isso é mais comum do que o contrário, então sentimos que tínhamos um caminho à nossa frente, uma direção a seguir. E quando se trata de compor músicas, ainda mais quando se trata de ser criativo, não há um plano, você simplesmente segue o que está dentro de você naquele momento.

Quando o Simple Minds surgiu, havia um terreno muito fértil para a música, com David Bowie, Donna Summer e muitos outros cantores incríveis. Hoje em dia, há algum artista novo que chame sua atenção ou que você admire? Não como eles. Só existe uma Kate Bush. E talvez você diga “bom, ele vai dizer isso, ele é um cara velho e o cara velho sempre diz isso”, mas sejamos realistas: não existe Rolling Stones, não existe nada melhor que os Rolling Stones. Não existe U2, nada melhor que o U2. Foi um momento no tempo. E então, como você disse antes, toda aquela música ainda vale a pena ouvir. Sabe, eu ainda ouço The Doors, Jim Morrison, ainda ouço Stevie Wonder, ainda ouço James Brown. Eu me sinto muito sortudo por ainda ouvir os Beatles, por aparecer naquele momento. Realmente foi um momento no tempo.

Continua após a publicidade

O que você acha daquela afirmação clássica de que o rock está morrendo ou já está morto? Gosto bastante, acho que ouvi isso pela primeira vez há 50 anos. Quer dizer, eu sei o que significa, mas pode ser verdade. [O rock] Teve seu momento. Pertence a uma época diferente, a um lugar diferente, mas obviamente ainda tem alguma relevância. Qual seria a maior banda do mundo agora, se decidisse sair em turnê? Led Zeppelin, provavelmente. Então, o rock obviamente não está morto, se você pensar na quantidade de pessoas que ainda querem revivê-lo. Talvez haja uma nova banda de rock incrível surgindo, não sei, mas acho que é muito difícil. Acho que [é difícil] a economia para montar uma banda e fazer turnês e tudo mais, esses dias acabaram. A economia não existe mais. É mais fácil ter um computador, um violão, ser como o Ed Sheeran ou algo assim. É mais acessível.

O Simple Minds está preparando algo novo para os próximos anos? Sim, estamos. Embora estejamos em turnê, estivemos ocupados nas últimas semanas gravando músicas e, quando a turnê terminar, voltaremos a isso. É bom ter algumas ideias, trabalhar nelas, deixá-las para trás e depois voltar a elas com a mente limpa e com os ouvidos abertos. Então podemos dizer que temos metade de um novo álbum.

O que podemos esperar do novo álbum? Terei uma ideia melhor depois da turnê, quando eu voltar e ouvir de novo, mas, obviamente, como eu disse, nós gostamos. Estamos animados com isso. É por isso que fazemos isso.

Continua após a publicidade

Acompanhe notícias e dicas culturais nos blogs a seguir:

  • Tela Plana para novidades da TV e do streaming
  • O Som e a Fúria sobre artistas e lançamentos musicais
  • Em Cartaz traz dicas de filmes no cinema e no streaming
  • Livros para notícias sobre literatura e mercado editorial
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.