O Som e a Fúria

Por Felipe Branco Cruz

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Cultura

De funk a gritos de “sem anistia”: a turnê final de Gilberto Gil em SP

Cantor lotou Allianz Parque em apresentação cheia de hits e participações especiais

Por Felipe Branco Cruz SEGUIR SEGUINDO Atualizado em 12 abr 2025, 00h24 - Publicado em 11 abr 2025, 22h53

Gilberto Gil se apresenta na turnê “Tempo Rei” em São Paulo em 11/04/2025 (@pridiabr/Divulgação)

Aos 82 anos, Gilberto Gil deu início nesta sexta-feira, 11, a sua despedida dos palcos de São Paulo com a turnê Tempo Rei, a última antes da aposentadoria. O show, que já passou por Salvador e Rio de Janeiro, faz uma escala de três dias em São Paulo, em todos com o estádio Allianz Parque lotado. Como já adiantou o artista, no entanto, não será lá uma aposentadoria completa, já que nos próximos anos ele pretende continuar cantando ao vivo, mas para plateias menores.

Assim como nos shows anteriores, Gil abriu com Palco, um dos clássicos da carreira. Ao longo da apresentação, foram mais de 30 canções que repassam toda a sua carreira e, de certa forma, a história da própria MPB. Hits incontornáveis como Domingo no Parque, Refavela, Não Chore Mais, Vamos Fugir, A Novidade, Realce, Se Eu Quiser Falar Com Deus, Drão, Esotérico, Expresso 2222, Andar Com Fé e Aquele Abraço foram entoadas a plenos pulmões pela plateia. Teve até uma participação especial do amigo Chico Buarque, em vídeo. Antes de cantar Cálice, composta por Gil e Buarque, o cantor carioca explicou a história e a importância da canção, lançada durante um dos períodos mais duros da ditadura militar no Brasil. Neste momento, a plateia gritou “Sem Anistia”, em referência ao julgamento da manifestação golpista em Brasília em 8 de janeiro de 2023. A canção foi lançada no ano que Chico havia voltado da Itália e Gil de Londres, exilados pela ditadura.

O show contou ainda com uma estrutura digna de grandes nomes internacionais, sob uma escultura em espiral, painéis gigantes de LED, pirotecnia e uma qualidade sonora impecável. Se o repertório foi caprichado, escolhido a dedo para dar conta dos quase 60 anos de carreira, Gil caprichou também no figurino, pensado exclusivamente para a turnê. Na banda, Gil contou com a participação dos filhos e da neta Flor, que cantou Refazenda.

A surpresa ficou por conta da participação especial do funkeiro MC Hariel, que gravou com Gil a música A Dança, que eles cantaram juntos. Nos outros shows feitos em Salvador e no Rio, Caetano Veloso e Anitta foram as participações especiais.