Aurora sai em defesa de músico acusado de gesto neonazista no Brasil
Cantora norueguesa se apresentou no Lollapalooza no domingo, quando baterista fez símbolo com as mãos
A cantora norueguesa Aurora saiu em defesa do baterista Sigmund Vestrheim, acusado nas redes sociais de fazer um gesto neonazista durante o show da cantora no domingo, 26, no Lollapalooza Brasil. Em uma postagem no Instagram, Aurora negou que o músico seja um supremacista. “Sigmund não é um defensor de opiniões malignas de extrema direita. Seus valores são o oposto disso. Ele é uma das pessoas mais gentis e legais que já conheci. A internet é muito boa em distorcer informações e divulgá-las de forma imprudente”, escreveu ela.
A polêmica surgiu depois que um usuário do Twitter flagrou Sigmund fazendo um gesto em que une o polegar ao indicador em um círculo, mantendo os outros três dedos em riste. Nos últimos anos, o símbolo é usado pela extrema direita como exaltação ao “poder branco” defendido por supremacistas. A acusação ainda expõe um desenho postado no Instagram do baterista em que uma suástica aparece pintada entre rostos e o número 777 — apropriado por grupos neonazistas e também presente no nome de usuário do baterista e em uma tatuagem no braço.
A @maybrumm viu o show da Aurora ontem e ficou intrigada com um gesto feito pelo baterista no final do show. Ela me mostrou e resolvi buscar um pouco sobre o cara. Olhando o instagram dele, acho uma arte feita e postada por ele em 2017. O que era dúvida virou certeza. pic.twitter.com/if2mDFXnpr
— Peres Kenji (@pereskenji) March 27, 2023
Com a repercussão, o músico usou as redes sociais para se defender das acusações, que chamou de “muito sérias e malucas”, e afirmou que fez o símbolo como um sinal de “ok/perfeito”. “Não tinha conhecimento de que este sinal significa outra coisa, algo negativo, e peço sinceras desculpas se fui mal interpretado e se acharam ofensivo”, escreveu ele. “O mesmo pode ser dito sobre o número 777, que é o nome de uma gravadora da Noruega à qual sou associado. Aqui, 777 quer dizer algo positivo como ‘sorte’, e não sabia que tinha um significado negativo em outros países”, complementou.
Quanto ao desenho com suásticas, o músico não negou sua autoria. Ao invés disso, justificou a ilustração dizendo que rabiscava uma série de “coisas idiotas” na época de escola. “Esse desenho em especial foi feito durante uma aula de história, e não significa nada. Foi apenas uma brincadeira feita por um jovem com um senso de humor sombrio. Eu sei que não é algo para brincar, e notei agora que esse desenho obviamente não deveria ter sido publicado no Instagram”, justificou ele.
Aurora reiterou que defende o respeito, a igualdade e a justiça, e afirmou não compactuar com preconceitos e discursos de ódio. “O racismo deve morrer. O nazismo deve morrer. O ódio deve acabar. E o amor deve prevalecer”, escreveu, complementando: “Mas devemos expor o ódio em sua verdadeira fonte e, portanto, me entristece ver tanta energia gasta em acusações erradas. Nada mudou”.